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Tensão na Europa

Ucrânia acusa Rússia de "invasão armada"

Homens armados tomaram o controle de dois aeroportos na região da Criméia | REUTERS / Baz Ratner
Homens armados tomaram o controle de dois aeroportos na região da Criméia (Foto: REUTERS / Baz Ratner)

O governo interino da Ucrânia acusou nesta sexta-feira (28) a Rússia de uma "invasão armada". Dois aeroportos da república autônoma da Crimeia, península ucraniana, haviam sido tomados por homens armados sem identificação nos uniformes.

Segundo o Ministério do Interior ucraniano, eles seriam soldados da Rússia. Moscou nega a informação.

Além disso, o governo de Kiev enviou uma nota de protesto à Rússia pela violação de seu espaço aéreo e pela mobilização de tropas e blindados russos na Crimeia.

Também nesta sexta (28), o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich reapareceu em público desde que saiu de Kiev, no dia 22 de fevereiro, destituído pelo Parlamento.

Falando da cidade russa de Rostov, perto da fronteira com a Ucrânia, ele qualificou a tomada de poder pela oposição de "golpe de Estado" e disse que a Rússia "deve e tem que atuar" no país.

Apesar das declarações, Yanukovich afirmou que não pedirá ajuda de Moscou para voltar ao poder. "Toda a ação militar nesta situação é inadmissível", disse. "Ninguém me derrubou. Tive que deixar o país por conta das ameaças contra minha vida e minha família. Não fugi."

O ex-presidente também declarou que ainda não havia se encontrado com Putin desde sua chegada ao território russo. "Nos falamos por telefone e combinamos que ele se reunirá comigo quando for possível."

Tensão na crimeia

Segundo o novo governo de Kiev, os serviços de fronteira observaram dez helicópteros de combate russos indo em direção aos aeroportos da região. Também dez blindados da frota russa no Mar Negro teriam deixado seus quartéis para se dirigir à capital da península, Simferopol.

Em meio à crescente tensão, o Consulado Geral da Rússia na Crimeia recebeu ordens de conceder passaportes aos membros da unidade antidistúrbios Berkut, divisão policial que protagonizou a repressão aos manifestantes que protestavam contra Yanukovich em janeiro e fevereiro pelo país.

O presidente russo Vladimir Putin evitou responder diretamente ao pedido de Yanukovich para agir.

Ele conversou nesta sexta (28) sobre a crise na Ucrânia com a chanceler alemã, Angela Merkel, o premiê britânico, David Cameron, e o presidente do Conselho da União Europeua, Herman Van Rompuy.

Segundo comunicado do Kremlin, as partes concordaram que é preciso evitar uma "escalada da violência" e que é necessária a estabilização da Ucrânia.

O governo ucraniano anunciou que iniciou os trâmites para pedir a extradição de Yanukovich da Rússia.

Pressão internacional

O Departamento de Estado americano se pronunciou dizendo que, ao abandonar a Ucrânia, Yanukovich perdeu a legitimidade para exercer o poder. O presidente dos EUA, Barack Obama, veio a público para advertir a Rússia que qualquer violação da soberania da Ucrânia seria profundamente desestabilizadora. "Haverá custos em caso de uma intervenção", disse.

Canadá, Reino Unido, França, Alemanha e Polônia também se pronunciaram defendendo a soberania e a integridade territorial da Ucrânia

A Suíça congelou todos os bens de Yanukovich e de pessoas próximas ao ex-presidente, como do ex-premiê e dos ex-ministros das pastas de Saúde, Finanças, Interior, Justiça, Fazenda, Energia, entre outras.

O Banco Central da Ucrânia restringiu a 15 mil grivnas (R$ 3.600) a quantia diária que pode ser sacada nos bancos do país - sob temor de guerra, a população tem tentado tirar todo seu dinheiro.

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