O órgão executivo da União Europeia afirmou na quarta-feira que cabe à agência nuclear da ONU inspecionar as instalações atômicas iranianas, depois que Teerã convidou representantes da UE a explorar os locais este mês.
A Comissão Europeia disse que ainda não havia respondido ao convite enviado para alguns embaixadores, incluindo os da UE, junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA) em Viena, semanas antes de uma segunda rodada de conversações entre o Irã e seis potências mundiais sobre seu polêmico programa nuclear.
O Irã convidou a UE, bem como China, Rússia e outros países para a visita, em uma iniciativa que levantou suspeitas no Ocidente sobre a ação se constituir num verdadeiro passo para uma maior transparência nuclear ou um golpe de relações públicas, destinado a dividir as grandes potências e ganhar tempo para mais avanços atômicos.
O Ocidente suspeita que o programa nuclear iraniano é voltado para a fabricação de bombas. Teerã diz que tem fins energéticos exclusivamente pacíficos.
Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha - duas das principais potências ocidentais envolvidas na diplomacia do impasse sobre as intenções do Irã - disseram que o gesto não tem valor. Os dois países e a França não foram convidados para a visita, segundo diplomatas.
A UE disse que as inspeções devem ser efetuadas por especialistas da AIEA, e não por embaixadores da agência da ONU convidados por Teerã.
"Ainda não respondemos à carta," disse um porta-voz da Comissão Europeia, em entrevista à imprensa na terça-feira.
"Mas o que queremos destacar é que há um processo em andamento e que cabe à AIEA a inspeção das instalações nucleares iranianas... Eles têm as pessoas para inspecioná-los."
A Hungria, que foi incluída na oferta iraniana e mantém a presidência rotativa do bloco de 27 países até o final de junho, disse que os governos da UE iriam preparar uma resposta conjunta com a comissária da UE de Relações Exteriores, Catherine Ashton.
Mas a hesitação do bloco em aceitar rapidamente a oferta sugere que ela poderá ser recusada.
"Estamos em consulta com todos os Estados membros e com o Alto Comissariado. A posição será anunciada logo que estiver delineada," disse a repórteres o ministro de Relações Exteriores húngaro, Janos Martonyi, em Budapeste.
Ashton viaja a Israel e à Cisjordânia nesta quarta e na quinta-feira.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã disse que os embaixadores foram convidados a viajar ao país antes que Teerã e seis potências mundiais se reúnam em Istambul, no final de janeiro.
Mas a Grã-Bretanha disse que "uma visita rigidamente controlada a instalações selecionadas não deverá prover as garantias necessárias para a comunidade internacional" sobre o programa nuclear iraniano.
Os inspetores da AIEA verificam regularmente as instalações nucleares iranianas, com a de Natanz - a usina de enriquecimento de urânio que está na agenda proposta da visita dos embaixadores - para garantir que não haja fabricação secreta de armas nucleares.
Mas a AIEA diz que o Irã recusa as inspeções sem restrições, que vão além das instalações nucleares declaradas, como exigido pelo Protocolo Adicional da agência, portanto não pode haver confirmação de que todos os materiais nucleares no Irã tenham fins pacíficos.
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