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Autoridades da União Européia (UE) torcem secretamente para que o candidato conservador Nicolas Sarkozy vença as eleições presidenciais na França e para que, então, adote rapidamente medidas capazes de contribuir com a reforma das instituições do bloco e para modernizar a enfraquecida economia de seu país.

Sarkozy vem sendo visto pela direção da UE como o candidato mais pragmático, capaz de trabalhar com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, rumo à conclusão, em breve, de um acordo sobre um tratado menos ambicioso para substituir o projeto da nova Constituição do bloco, rejeitado pelos eleitores franceses em 2005.

Mas os comentários feitos pelo presidenciável durante sua campanha, quando prometeu defender as empresas da França contra processos de tomada por estrangeiros e quando identificou o euro valorizado como a causa das dificuldades enfrentadas pela economia francesa, provocaram desânimo e sobressalto na Comissão Européia (Poder Executivo do bloco) e no Banco Central Europeu.

E a oposição declarada dele ao ingresso da Turquia na UE causou apreensão em Ancara e nos defensores da manobra, apesar de diplomatas afirmarem que alguns líderes europeus ficariam contentes se a França conseguisse brecar a candidatura turca, impopular entre seus eleitores.

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, um político também conservador, ofereceu um surpreendente apoio declarado a Sarkozy, descrevendo-o como um "europeu decidido e persuasivo" quando o então ministro do Interior da França visitou Bruxelas, em setembro passado.

Os dois homens chamaram um ao outro pelo primeiro nome, usaram o pronome "tu" em francês e se abraçaram.

Barroso mostrou bem menos entusiasmado quando se reuniu com a candidata socialista Ségol¨ne Royal, pouco depois. E não recebeu o terceiro colocado na corrida presidencial, o político centrista François Bayrou.

OUTRO PLEBISCITO ?

Royal e Bayrou prometeram realizar um outro plebiscito a respeito de qualquer novo projeto sobre um tratado da UE, alimentando temores sobre a ocorrência de uma campanha arriscada e polêmica que poderia atrasar ainda mais a solução do atual impasse.

Apesar de Bayrou ser visto como um candidato mais pró-UE, defendendo uma união política mais intensa entre os 13 países que adotaram o euro, muitos em Bruxelas (sede do bloco) duvidam que o centrista conseguiria apoio suficiente dentro da França ou entre os aliados do país para realizar uma manobra do tipo.

A exigência de Royal por renegociar os estatutos do Banco Central Europeu a fim de permitir uma maior influência política sobre a instituição foi rejeitada por todos os parceiros europeus da França, em especial a Alemanha, e pela Comissão Européia.

De outro lado, a comissária de Competitividade do bloco, Neelis Kroes, declarou-se "chocada" com a promessa de Sarkozy de manter as empresas francesas longe da mão de estrangeiros.

"É algo antiquado falar sobre protecionismo", disse.

Autoridades francesas, incluindo o vice-presidente da Comissão Européia, Jacques Barrot, pediram a seus colegas do bloco para não levarem tão a sério as declarações anti-UE de Sarkozy.

O verdadeiro comprometimento dele com a instituição, afirmam, ficou demonstrado no pragmático discurso oferecido pelo candidato em Bruxelas, no ano passado, quando defendeu a adoção de um minitratado para reformar as instituições da UE e continuar seguindo adiante.

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