Um ano depois do terremoto, a tragédia haitiana está longe do fim. Na quarta-feira, oficialmente, ganhou contornos mais catastróficos. O premiê Jean-Max Bellerive declarou que o novo número de mortos pelo tremor está agora estimado em 316 mil. Até então, essa cifra era de 230 mil. Alheios às cerimônias oficiais, haitianos homenagearam na quarta por conta própria o primeiro aniversário do "gudu-gudu" - onomatopeia usada nas ruas de Porto Príncipe para se referir ao terremoto de 12 de janeiro de 2010.
O sentimento geral no Haiti é que os resultados das grandes promessas internacionais foram parcos. O dinheiro parou na burocracia, a crise política impede a formação de um governo sólido e o futuro de um milhão de desabrigados - incluindo 320 mil crianças - é desconhecido. Procissões católicas com centenas de parentes e amigos de vítimas seguiam pelas ruas da capital entoando rezas em creole. De Bíblia em mãos, fiéis trajavam roupa branca bem lavada.
O entulho do terremoto ainda está por toda parte. A estimativa é de que apenas 5% dos escombros tenham sido retirados até agora. O governo promete elevar essa cifra para 40% até outubro. Menos de 20% dos US$ 5,6 bilhões prometidos pela comunidade internacional foram entregues. Da quantia que chegou, a maior parte foi usada para pagar dívidas. Diante do pessimismo, o coordenador de ajuda humanitária da ONU, Nigel Fisher, falou o óbvio: "É impossível reconstruir um país pobre em um ano." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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