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Cerca de um milhão de pessoas, entre estudantes, sindicalistas e partidários de esquerda foram às ruas na França, neste sábado para pressionar o governo conservador a anular uma nova lei que mina a segurança no trabalho para jovens trabalhadores. Em clima de festa, cerca de 160 demonstrações foram organizadas em todo o país, em um movimento crescente, que gera grave crise para o primeiro-ministro, Dominique de Villepin. Este é o terceiro protesto nacional em seis semanas.

Policiais cuidaram de manter vigilância sobre a multidão, para evitar a repetição da violência que comprometeu a manifestação de estudantes em Paris na quinta-feira. Os manifestantes exigem que Villepin retire um novo contrato de trabalho de jovens, conhecido como CPE, que permite empresas demitir trabalhadores com menos de 26 anos sem justificativas, durante os dois primeiros anos de trabalho. Ele lançou a medida para encorajar empregadores relutantes a contratar novo pessoal.

- Eu me arrisco a trabalhar dois anos por nada, para ser demitida a qualquer momento - disse a estudante parisiense Coralie Huvet, 20, que tinha a inscrição "Não ao CPE" na testa. - Deprimente, por isso estou chorando - disse, apontando para lágrimas pintadas no rosto.

Os organizadores, que chamam o CPE de "contrato Kleenex", por permitir que trabalhadores jovens sejam "jogados fora" como papel. Políticos oposicionistas socialistas e comunistas também participaram do evento, na terceira vez em quatro decadas que estudantes e trabalhadores protestam juntos, após 1968 e 1994. Sindicalistas devem se encontrar após o protesto para definir ações futuras.

- Se eles não nos ouvirem, nós teremos que pensar em realizar uma greve nacional - disse Bernard Thibault, chefe do sindicato pró-comunista CGT.

- Nós não podemos esperar, porque o movimento dos estudantes vai continuar e haverá riscos - disse o l!der do movimento dos professores Gerard Ascheri. - Dever haver greve na próxima semana.

Villepin, cuja aposta nesta medida impopular pode custar sua chance de concorrer presidência no ano que vem, jurou que não vai ceder pressão das ruas. Ao mesmo tempo, ele sugeriu na sexta-feira que poderia fazer alguns ajustes na lei.

O desemprego é o principal tema pol!tico na Frana, onde a m dia nacional de 9,6% e, entre os jovens, o dobro. A taxa sobe para 40 a 50% em alguns subúrbios pobres, que tiveram semanas de protestos no outono passado.

Em uma tentativa de conter a crise, o presidente Jacques Chirac disse, na sexta-feira, que o governo estava "pronto para dialogar." Mas o governo tem pouco terreno para manobras, se nao fizer grandes concessoes. Uma pesquisa divulgada na sexta-feira mostra que 68% dos franceses sao contra a lei, um crescimento de 13% em uma semana.

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