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Cúpula

Unasul condena golpe hondurenho e Lula sugere que Obama discuta bases

Foto oficial dos presidentes na abertura da 3ª Reunião de Chefes de Estado e de Governo da Unasul | Ricardo Stuckert / Agência Brasil
Foto oficial dos presidentes na abertura da 3ª Reunião de Chefes de Estado e de Governo da Unasul (Foto: Ricardo Stuckert / Agência Brasil)

Os presidentes dos países da União de Nações Sul-americanas (Unasul) assinaram nesta segunda-feira (10) a Declaração de Quito, documento no qual foi condenado o golpe de Estado em Honduras. Os líderes se abstiveram de incluir uma menção ao uso eventual de bases militares colombianas pelos Estados Unidos.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, sugeriu uma reunião entre os líderes da Unasul e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para discutir o aumento da presença militar norte-americana na Colômbia. "Como presidente do Brasil, me incomoda esse clima de inquietação" na região, disse Lula. Ele sugeriu que o tema das bases colombianas seja discutido "profundamente".

A declaração foi assinada pelos presidentes da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Guiana, Paraguai e Venezuela, além do representante do Uruguai, do chanceler do Peru, da vice-chanceler da Colômbia e do representante do Suriname, países que integram a Unasul.

A chancelaria colombiana, em Bogotá, considerou positivo o fato do acordo militar com os EUA não ter sido mencionado na declaração. A vice-chanceler da Colômbia, Clemência Forero, disse que "nunca existiram e nem existirão bases estrangeiras na Colômbia. A Colômbia não pediu essas bases e nem os EUA pensam na instalação delas". Ela afirmou que os militares americanos terão um "acesso limitado" às bases colombianas, para auxiliar em operações "contra o narcotráfico e o terrorismo, sem afetar a terceiros".

O tema controverso das bases colombianas motivou expressões de preocupação de alguns presidentes e inclusive uma advertência de "ventos de guerra" do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Ele voltou a repetir que a "Colômbia defende a tese do ataque preventivo e a Venezuela está na lista".

À margem da declaração final, os mandatários concordaram em convocar uma reunião presidencial urgente em Buenos Aires, em data ainda a definir, para tratar do tema do acordo militar entre a Colômbia e os Estados Unidos. Ainda não está claro se a reunião ocorrerá antes do encontro dos chanceleres e ministros da defesa dos países da Unasul, marcada para 24 de agosto em Quito.

A presidente argentina, Cristina Fernández, solicitou a presença do presidente colombiano, Alvaro Uribe, à reunião sugerida por Lula. Ela disse acreditar que a proposta norte-americana gera uma situação "beligerante, sem precedentes e inaceitável". Cristina disse que a reunião acontecerá em Buenos Aires e que ela pessoalmente convidará Uribe.

A Declaração de Quito destacou a importância de "seguir avançando" na ratificação do tratado constitutivo da Unasul, passo que deram até agora três dos 12 integrantes: Venezuela, Bolívia e Equador, e assim consolidar a "etapa fundamental" da organização nascida em abril de 2007, cujo tratado foi aprovado em maio de 2008.

Os presidentes aprovaram a criação de quatro novos conselhos na Unasul: da Luta contra o Narcotráfico; Infraestrutura e Planejamento; Desenvolvimento Social; e Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Inovação, que se somarão aos três já existentes: Defesa, Energia e Saúde.

O Equador passou a ocupar a presidência rotativa da Unasul, cargo que lhe foi transferido pelo Chile. O presidente do Equador, Rafael Correa, também tomou posse nesta segunda-feira para cumprir o seu segundo mandato.

Honduras e imprensa

A Unasul também declarou que "não haverá reconhecimento, de nenhuma maneira, à ruptura da ordem institucional e democrática" e condenou "o golpe de Estado em Honduras".

A Unasul convocou a comunidade internacional a "extremar os recursos necessários e adotar novas medidas para assegurar a restauração" do presidente deposto José Manuel Zelaya ao poder em Honduras.

A Unasul ressaltou a "importância dos meios de comunicação" no fortalecimento da democracia e da participação cidadã, em um momento no qual governos como o da Venezuela e do Equador mantém tensas relações com a imprensa nos respectivos países.

As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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