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Para o economista Rogério Buccelli, professor de Economia no curso de Relações Internacionais das Faculdades Rio Branco, não há cenário para a Grécia fora da zona do euro. Nesta entrevista por e-mail à Gazeta do Povo, ele prevê uma reorganização da União Europeia após a crise.

O que pode se esperar de uma coalizão formada por ex-rivais políticos na Grécia?

São 5,5 milhões de jovens desempregados. Da população economicamente ativa, 25% estão desempregados. Os gregos estão no quinto ano consecutivo em recessão. Ocorreram duas eleições em menos de 6 meses. A conjuntura econômica e política da Grécia não permite que as lideranças daquele país, mesmo com plataformas eleitorais diferentes, fechem os olhos para esses indicadores. O acordo deverá acontecer e a Grécia deverá continuar na zona do euro.

Qual será o futuro do acordo de austeridade imposto pela União Europeia aos gregos?

O futuro dos gregos está condicionado ao futuro da União Europeia. O problema não está mais na Grécia. A Espanha e a Itália já fazem parte do problema. A UE, com certeza, deverá ser repensada depois de passado o turbilhão. A moeda única deverá ser redefinida. Os gastos públicos deverão ser arbitrados. Com ou sem a chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

O Syriza se recusou a pactuar com o Nova Democracia. Há o risco de a esquerda radical dificultar a vida do governo?

Risco da oposição dificultar o governo sempre existe. Os gregos sabem muito bem disso. Por outro lado, poderá ocorrer uma nova negociação da dívida e um novo aporte de recursos do Fundo Monetário Internacional. Tudo isso, com apoio do governo francês. Com isso, o peso das críticas poderá diminuir.

Com a coalizão formada, dá para dizer que a permanência da Grécia no euro está garantida?

A Grécia não deverá sair da zona do euro. Isso seria o fracasso de mais de meio século de negociação, além de um risco financeiro incomensurável.

Analistas como Paul Krugman, do New York Times, dizem que a zona do euro continuará a ter problemas porque carece de um governo central. O senhor concorda com essa afirmação?

Um governo central seria o fim da soberania dos 27 Estados. Isso é ilusório. É mais fácil o fim da União Europeia do que um governo central. Estamos falando do "velho continente". As principais batalhas, guerras e cooperações ocorreram na Europa. Há uma história que não deve ser abandonada quando se faz prognósticos. Os economistas, na sua maior parte, esquecem da história.

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