A Igualdade de Gênero é o tema central do Relatório Situação Mundial da Infância 2007, divulgado nesta segunda-feira pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O estudo parte da premissa de que a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres favorece o bem-estar da criança.
- A luta em prol da defesa dos direitos da mulher e a luta da realização dos direitos da criança são duas pautas necessárias, complementares e solidárias - resume a representante da Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier.
Ela lembra que a igualdade de gênero é um dos objetivos do milênio, estabelecidos pelas Nações Unidas (ONU). A meta é aumentar o poder da mulher para melhorar a vida da mulher e da criança. Segundo o relatório do Unicef, mulheres saudáveis, instruídas e fortalecidas têm maior probabilidade de ter filhos e filhas saudáveis, educados e confiantes.
- Todos os dados mostram que mulheres mais educadas cuidam da família com sucesso total e isso ajuda a fazer cair a mortalidade infantil e melhora o status nutricional da criança - exemplifica Marie-Pierre.
Mulheres com educação secundária têm, inclusive, maior poder de negociação dentro da família. Na prática, isso representa mais recursos destinados às crianças e o conseqüente impacto positivo sobre a nutrição, os cuidados de saúde e a educação de seus filhos.
Dados de 2000 mostram que no Brasil, por exemplo, a taxa de mortalidade de menores de cinco anos entre os filhos de mulheres com até três anos de estudo era 2,5 vezes maior que entre os filhos de mulheres com oito ou mais anos de estudo. Além de traçar um panorama da igualdade de gênero no país, o relatório do Unicef aponta caminhos para aumentar as oportunidades de participação feminina na família, no trabalho e na esfera política.
Nos três níveis, se vê como a discriminação contínua no mundo inteiro, no Brasil também, e temos que ter estratégias que contemplam estas três dimensões - afirma a representante do órgão no Brasil.
Marie-Pierre defende a necessidade de garantir educação para todas as mulheres, assegurar recursos nos orçamentos governamentais e corrigir legislações discriminatórias, garantir cotas para as mulheres no Legislativo e abrir a participação das mulheres na construção das políticas públicas.
Segundo a representante do Unicef, também é necessário envolver homens e meninos na luta pela eqüidade.
- Não se trabalha desigualdade de qualquer tipo sem protagonismo de todos os lados - justifica Marie-Pierre, que também destaca necessidade de melhorar a qualidade das pesquisas e dados sobre a situação de mulheres e meninas.