O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na segunda-feira que um governo de unidade palestino que inclua o Hamas não poderá ser um parceiro de paz de Israel.
Mas no que poderia ser mudança de uma postura arraigada, o líder de direita israelense pareceu manter a possibilidade de fazer concessões territoriais futuras, caso suas exigências para a paz - que foram rejeitadas pela Palestina no passado - forem atendidas.
"Essas concessões, por sinal, são dolorosas, porque significam a terra de nossa pátria. Não é uma terra estranha, é a terra de nossos pais e temos direitos históricos, e não apenas interesses de segurança", ele afirmou.
Netanyahu, falando ao Parlamento antes de se reunir em Washington com o presidente Barack Obama na sexta-feira, disse que o acordo de unidade feito pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, com o Hamas -- grupo que prega a destruição de Israel -- é uma barreira para a paz . O acordo é apoiado pelo Ocidente.
"Um governo composto pela metade por aqueles que declaram diariamente sua intenção de destruir o Estado de Israel não é um parceiro para a paz", disse ele.
O acordo de unidade, que palestinos veem como essencial para resolver divisões antes de uma tentativa de pedir à Organização das Nações Unidas o reconhecimento de um Estado palestino, em setembro, prevê a formação de um governo interino e a realização de eleições ainda este ano.
Líderes palestinos dizem que essa administração seria composta por independentes e que Abbas lideraria a negociação de paz com Israel.
As negociações de paz apoiadas pelos EUA fracassaram pouco depois de terem sido retomadas em setembro, após Netanyahu recusar-se a estender a moratória parcial da construção de assentamentos judeus na Cisjordânia ocupada, território capturado por Israel na guerra de 1967 entre árabes e israelenses e que os palestinos querem como parte de seu Estado.
Ao comentar as declarações do premiê israelense, a autoridade palestina Saeb Erekat, disse que Netanyahu escolheu a "ordem, e não a negociação" e que foi "o único responsável pelo fracasso no processo de paz".
Netanyahu, que deve comparecer a uma reunião do Congresso dos EUA em 24 de maio, disse que a invasão das fronteiras de Israel com a Síria, o Líbano e o Hamas na Faixa de Gaza, realizada por manifestantes palestinos neste domingo, foi um ataque à sua soberania.
Soldados israelenses abriram fogo em três localidades de fronteira para tentar impedir que uma multidão de manifestantes cruzasse a fronteira, matando pelo menos 13 pessoas, no dia em que os palestinos marcam a chamada "catástrofe", como é denominada por eles a fundação de Israel, em 1948.