Rio de Janeiro – No Brasil, a população urbana passou de 36% em 1950 para 81% em 2000. Isso concentrou a maioria dos pobres nas cidades – boa parte em favelas – e está associado ao aumento da violência. Mas também ajudou a reduzir a pobreza e o crescimento demográfico.

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O impacto da urbanização na redução da pobreza brasileira é citado no relatório do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) a partir de uma estimativa feita pelo demógrafo Ralph Hakkert, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Ele estimou que o processo explicaria 17% da queda de 1999 a 2004.

Nesse período, a pobreza urbana caiu de 29% para 25,4% e a rural, de 61,4% para 54,4%. Como a população urbana aumentou de 80,6% para 83,6%, ele estimou qual seria a pobreza sem esse movimento.

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"Não dá para tirar grandes conclusões acerca dos processos que levaram a isso, mas, pelo menos, há a indicação de que a migração rural-urbana ajudou a reduzir a pobreza", diz Hakkert.

O relatório, no entanto, destaca também a violência nas grandes cidades do mundo. O autor principal do texto, George Martine, diz que esse é um dos principais desafios para o Brasil.

Mas isso não deve, argumenta ele, esconder o fato de que a urbanização melhorou o acesso a serviços de saúde e educação, que contribuíram para que o país chegasse, em 2003, a uma taxa de fecundidade de 2,1 filhos por mulher. "Destaca-se só a experiência carioca, que é de muita violência, mas a urbanização significou ganhos de qualidade de vida. Que benefícios teria o país se a população continuasse crescendo a 2,9% ao ano?"

Outro desafio que o relatório cita, e que também se aplica ao Brasil, é o da legalização. A tese é que, com a posse de terra legalizada, os moradores teriam mais segurança para realizar melhorias e conseguir crédito no mercado formal.

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