Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Segurança

Uribe defende bases dos EUA na Colômbia para combater Farc

“A Colômbia tem recebido dois tipos de ajuda: uma retórica, de tapinhas no ombro (...) e uma prática, que temos recebido dos EUA, em nome da corresponsabilidade", Álvaro Uribe, presidente da Colômbia | Juan Carlos Ulate/Reuters
“A Colômbia tem recebido dois tipos de ajuda: uma retórica, de tapinhas no ombro (...) e uma prática, que temos recebido dos EUA, em nome da corresponsabilidade", Álvaro Uribe, presidente da Colômbia (Foto: Juan Carlos Ulate/Reuters)

Bogotá - O presidente colombiano, Álvaro Uribe, saiu em defesa do acordo militar que permitirá aos EUA utilizar três bases na Colômbia ao di­­zer que o pacto está sendo negociado não porque seu país seja um "agressor da comunidade internacional’’, mas para combater o terro­­rismo que o assola internamente.

Em entrevista à revista colombiana Ahora, Uribe disse que o no­­vo pacto pode ser chamado de "uma fase melhorada do Plano Colômbia’’ – que rendeu US$ 5,5 bilhões enviados pelos EUA para combate à guerrilha e ao narcotráfico desde 1999.

O novo acordo, previsto para ser finalizado neste mês, permitirá a Washington manter 1.400 pessoas entre militares e civis nos próximos dez anos e compensará o recente fechamento da base americana de Manta, no Equador. Os EUA preveem investimentos de até US$ 5 bilhões pelo novo pacto.

Ante a péssima repercussão regional do anúncio das negociações, sobretudo com a Venezuela, o presidente colombiano pediu "paciência’’. "Nosso país respeita as leis, nosso grande problema é o terrorismo interno. Nas relações internacionais, devemos ser pa­­cientes.’’

A Venezuela havia acusado ontem o vizinho de tentar "justificar’’ a permissão do uso de suas bases pelos EUA ao insinuar que Caracas forneceu lança-foguetes encontrados com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em outubro do ano passado.

As cobranças feitas por Bogotá no início da semana motivaram o anúncio pelo presidente Hugo Chávez, na última terça, do congelamento das relações diplomáticas e econômicas bilaterais e da convocação do embaixador venezuelano no país, além da ameaça de expropriação de empresas colombianas.

Os artefatos, de fabricação sueca, haviam sido vendidos a Caracas em 1988. A transação foi confirmada pela Suécia, que também cobra explicações da Venezuela pelas apreensões.

Na entrevista, Uribe defendeu ainda a opção de preservar a já consolidada, e controversa, estreita aliança com os EUA – a Colôm­­bia é o maior parceiro militar do país na América do Sul, com crescentes programas de treinamento e inteligência.

"A Colômbia tem recebido dois tipos de ajuda: uma retórica, de tapinhas no ombro, de expressão de pêsames nos momentos em que temos sofrido tanto; e uma prática, que temos recebido dos EUA, em nome da corresponsabilidade.’’

O presidente colombiano disse que o acordo com os EUA está sendo negociado para que "as novas gerações possam desfrutar do direito de superar totalmente a violência interna’’.

Unasul

A mais recente crise regional não dá sinais, porém, de que possa melhorar no curto prazo. A Chan­­celaria colombiana disse ontem que nem Uribe nem o seu ministro das Relações Exteriores, Jai­me Bermúdez, participarão da próxima reunião de cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), no dia 10, em Quito (Equador).

Bogotá não informou quem representará o governo no encontro do bloco que reúne os 12 países sul-americanos nem o porquê da ausência de Uribe.

Ontem, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua homóloga chilena, Michelle Bachelet, haviam defendido o bloco como o fórum ideal para a resolução da crise. Ambos haviam defendido também a convocação do Conselho Sul-Americano de Defesa – órgão da estrutura da Unasul criado no ano passado.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros