Moradores de etnia uzbeque no Quisguistão disseram que gangues estavam cometendo genocídio nas regiões sitiadas na segunda maior cidade do país, Osh, neste domingo, queimando casas, expulsando seus residentes e atirando enquanto eles fugiam.
Milhares de mulheres e crianças fugiram de Osh para a fronteira com o Uzbequistão, para escapar de bandos armados com fuzis, facões e barras de ferro. Enquanto aqueles que permaneceram na cidade bloquearam as entradas de seus bairros com caminhões.
"Estamos nas barricadas, esperando que eles ataquem novamente", disse Bakhram Magrafimov, de 45 anos, um motorista de táxi de Pyanny Bazar, região de maioria uzbeque. Os moradores reclamaram que seus rifles de caça não foram páreo para as armas automáticas dos seus inimigos.
"Eles disseram: 'Voltem para o Uzbequistão'. Eles estão atacando nossas mulheres e crianças," disse Magrofimov.
Mas os residentes disseram que soldados do governo se recusaram a escoltar os uzbeques até a fronteira, a apenas 10 km de distância, em uma região onde as fronteiras delimitadas pelo ditador soviético Josef Stalin mesclam os dois países no instável vale Fergana.
Kholbek, da etnia uzbeque, que deu apenas seu primeiro nome, disse que alguns moradores estavam com medo de ir embora: "Existem franco-atiradores por aí."
O pior confronto étnico no Quirguistão em duas décadas, se espalhou pelo sul do empobrecido Estado da Ásia Central, que abriga bases militares americanas e russas.
Pelo menos 97 pessoas morreram e mais de 1.200 foram feridas, em três dias de violência.
O governo interino do Quirguistão, que assumiu ao poder em abril, depois que uma revolta popular que derrubou o presidente, ordenou que suas tropas no sul adotem uma política de 'atirar para matar', buscando impedir o aumento da violência.
Mas o governo de Roza Otunbayeva tem apenas um controle limitado no sul, que é separado por montanhas, da capital Bishkek , distante cerca de 300 km.
Otunbayeva acusou o presidente deposto, Kurmanbek Bakiyev, de incitar a violência étnica no seu reduto no sul. Bakiyev, exilado em Belarus, nega as acusações.
Diversas testemunhas disseram à Reuters que os militares também atiraram nos uzbeques. Takhir Makistov, do grupo de direitos humanos Citizens Against Corruption - Cidadãos Contra a Corrupção, preso na sua casa, disse que ele acreditava que poderia haver uma intenção política no massacre.
"Isso é um genocídio, porque existem muitos uzbeques aqui e se criássemos o nosso próprio partido e fossemos às urnas..." Ele não terminou a frase.
"Mandem os soldados da paz, a Rússia, os EUA, quem quer que seja. O importante é pararmos o massacre", ele disse.
Governadores e oposição articulam derrubada do decreto de Lula sobre uso da força policial
Governo não vai recorrer contra decisão de Dino que barrou R$ 4,2 bilhões em emendas
Centrão defende negociação para tentar conter excessos do STF em 2025
Prisão de Daniel Silveira contrasta com política do CNJ que relaxou saidinha em SP