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A compra de Green Cards ilegais, os vistos americanos de moradia, cresceu nos EUA desde a eleição de Donald Trump, segundo investigação do jornal mexicano “El Universal”. A informação teria vindo de documentos do FBI e do DEA (a agência de combate às drogas), que indicam a vitória do candidato republicano como o estopim para o aumento da falsificação dos documentos.

Segundo o Centro de Estudos de Imigração, em 2016 foram vendidas 8 milhões e 475 mil identidades falsas, um aumento de quase 300 mil comparado ao mesmo período em 2014. A organização disse ainda que 98% dos números usados de previdência social são roubados de residentes com documentos legítimos. O estudo aponta que 75% dos imigrantes ilegais na força de trabalho utilizam Green Cards falsos para conseguir um emprego.

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Esses estrangeiros que trabalham de forma ilegal no país enviam bilhões de dólares para casa. Foram US$ 26 bilhões transferidos para o México vindos do EUA, somente em 2016, de acordo com dados do Banco do México, a maior cifra desde 2007.

A operação de venda está em expansão e presente em todo os EUA. Califórnia, Flórida, Texas, Nova York e Colorado estão entre os estados em que mais Green Cards são falsificados.

De acordo com o “El Universal”, os responsáveis pela operação são cartéis mexicanos. O negócio milionário é operado principalmente na costa dos EUA, em locais como Virgínia e Nova York. Um dos centros nervosos é o Queens, distrito nova-iorquino, considerado um dos bairros mais etnicamente diversos do mundo, com seu 1,1 milhão de imigrantes. Foi lá que Laura Sánchez, a jornalista mexicana autora da reportagem, adquiriu um Green Card falso em apenas uma hora e meia.

O Departamento de Justiça americano mantém em segredo o nome da organização que opera a expedição e tráfego de cartões de identidade falsos. Mas revelou recentemente um caso sem precedentes: 22 mexicanos faziam parte de uma rede altamente sofisticada e violenta de venda de documentos ilegais que operava desde 2010.

A promotoria do Leste da Virgínia assegurou que todo o dinheiro arrecadado com o esquema era enviado a uma organização criminosa no México. Pagamentos milionários foram feitos por meio da Western Union, empresa por meio da qual é possível enviar e receber dinheiro no exterior. Em novembro de 2011, o juiz federal Henry E. Hudson confirmou que parte da operação ocorria na cidade de Nuevo Laredo, no México.

Parte do grupo pertencia à gangue Los Norteños, uma das maiores dos EUA, e que conta com acordos criminais com os cartéis de Sinaloa e do Golfo. Com presença em 19 estados, eles vendiam cartões falsos de seguridade social e residência permanente a um preço que variava entre US$ 150 e US$ 200. Para o Departamento de Justiça, esse é um acontecimento sem precedentes. Os vendedores de documentos falsificados chegaram a assassinar um competidor que oferecia preços mais baixos.

Desde a vitória do novo presidente americano, Donald Trump, estados como Nova York e Califórnia têm detido um grande número de vendedores de identidades falsas. Segundo os falsários detidos, os documentos ilegais são indispensáveis neste ano para que os imigrantes se protejam das ações do novo líder do país. Entre as medidas polêmicas prometidas por Trump estão a proibição de entrada de cidadãos de sete países islâmicos, a tentativa de acabar com as chamadas “Cidades Santuário” e a construção de um muro entre toda a fronteira dos EUA com o México.

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