Uma juíza venezuelana condenou nesta sexta-feira (3) nove policiais por envolvimento com a violência ligada à tentativa de golpe de Estado de 2002, que manteve o presidente Hugo Chávez afastado do poder por três dias. Foram as primeiras condenações relativas ao incidente.

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Chávez foi expulso do poder por militares dissidentes depois de confrontos entre manifestantes, no centro de Caracas, que mataram 20 pessoas.

Parentes das vítimas celebraram a sentença, enquanto adversários do governo e parentes dos policiais apontaram no julgamento uma caça às bruxas, entendendo que há perseguição apenas aos que se opõem a Chávez.

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A juíza Maryorie Calderón condenou os chefes de polícia Lázaro Forero, Henry Vivas e Iván Simonovis como "cúmplices necessários" no assassinato dos manifestantes e nas lesões provocadas em vários outros. Cada um deles recebeu penas de 30 anos de prisão.

Outros três policiais considerados culpados por fazerem os disparos também receberam pena de 30 anos. Outros três réus foram sentenciados a períodos de 3 a 18 anos.

"A sentença é legalmente abominável e moralmente repreensível", disse o advogado de defesa José Luis Tamayo.

Yesenia Fuentes, ferida no dia das manifestações, disse que as penas de 30 anos eram "curtas para o massacre que eles cometeram".

O governo diz que adversários de Chávez premeditaram as mortes para que servissem de pretexto para o golpe. Elas ocorreram durante uma confusão no encontro entre passeatas governistas e oposicionistas, culminando várias semanas de tensão política e de apelos de oficiais da ativa para que Chávez renunciasse.

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Depois das mortes, o presidente foi feito prisioneiro, e um governo interino chefiado pelo dirigente empresarial Pedro Carmona imediatamente dissolveu o Congresso e os tribunais.

Menos de três dias depois, porém, militares leais a Chávez promoveram um contragolpe e devolveram o líder ao poder.

Promotores venezuelanos nunca conseguiram condenar Carmona, atualmente exilado na vizinha Colômbia, nem qualquer outra pessoa envolvida no golpe propriamente dito.

Críticos de Chávez dizem que agentes da Guarda Nacional, leais ao governo, também foram responsáveis por disparar contra manifestantes naquele dia.

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