O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou nesta quinta-feira (11) que há "vários detidos" por um suposto complô militar contra seu governo. O número e a identidade dos presos não foram divulgados.
"Há vários presos, e o ministro da Defesa (Gustavo Rangel) ordenou uma investigação pela corregedoria militar", disse Chávez em um ato em Caracas. O suposto complô teria sido desbaratado na noite desta quarta-feira (10).
Chávez disse que o país é alvo de mais um "ataque do imperialismo", numa clara referência aos EUA.
Chávez também disse que, se o presidente da Bolívia, Evo Morales, for "derrubado ou morto", ele encararia isso como um "sinal verde para apoiar qualquer movimento armado na Bolívia".
Complô Antes do anúncio das prisões, o ministro das Relações Exteriores, Nicolas Maduro, do Interior, Tarek El Aissami, e a direção do Partido Socialista Unido da Venezuela ((PSUV, no poder) mostraram sua "indignação" e "consternação" diante destas informações, que desejam transmitir a governos e instâncias internacionais já que poderiam gerar uma guerra civil".
Para Maduro, a origem desta "conspiração" pode ser encontrada nos Estados Unidos, onde o presidente George W. Bush, antes de deixar o poder, "pretende desestabilizar e encher de violência e sangue o mundo inteiro".
"A administração Bush está por trás deste complô e não temos nenhuma dúvida. No decorrer da investigação veremos de que forma os diferentes órgãos do governo dos Estados Unidos estão envolvidos nisso", denunciou Maduro.
Na madrugada desta quinta-feira (11), um programa de TV exibiu uma gravação de três militares que conversavam sobre uma tomada violenta do palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.
Chávez entrou ao vivo no programa de televisão para afirmar que conversou com o ministro da Defesa, o general Gustavo Rangel Briceño, para que investigue as informações.
"Temos infiltrados movimentos dos mais radicais, fascistas que estão tentando incendiar o país. (...) Sabemos há muito tempo que estão buscando foguetes terra-ar e equipamentos sofisticados para explodir o avião presidencial", explicou.
Sem revelar a fonte que obteve a gravação, o programa da emissora estatal exibiu trechos da conversa entre um vice-almirante e dois generais da reserva.
"Aqui o objetivo é um só: vamos tomar o Palácio de Miraflores, vamos tomar as sedes das emissoras de televisão (...) O objetivo tem que ser um só, ou seja: todo o esforço para onde está o senhor (Hugo Chávez)", diz a conversa.
Chávez foi objeto em abril de 2002 de um golpe de Estado que o afastou do poder por dois dias.
Para Maduro, esta conspiração tem "cara, nome, sobrenome e identidade".
"Além disso, sabemos quem o financia", afirmou, acusando também certos setores da oposição e donos de meios de comunicação privados de desestabilizar o país.
Apontado diretamente pelo governo, Miguel Henrique Otero, editor do jornal El Nacional e membro do movimento de oposição 2-D, considerou que provavelmente a gravação seja uma "montagem" do Executivo, que tenta criar uma "cortina de fumaça" para esconder o escândalo do chamado "julgamento da mala", em Miami, que envolve o governo venezuelano.
Para Cilia Flores, presidente da Assembléia Nacional (Parlamento), este suposto complô pretende boicotar as eleições regionais de novembro.
"Temos que levar esta denúncia ao cenário internacional (...) ao Mercosul, a reunião parlamentar mundial", pediu.
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