Caracas - Em greve de fome há 20 dias, um grupo de estudantes venezuelanos anunciou ontem que seguirá com o protesto até que o governo Hugo Chávez permita a entrada no país de uma comissão da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Seis universitários se instalaram, com tendas e cartazes, em frente à Embaixada do Brasil em Caracas. Dizem só tomar água e soluções isotônicas.
"Nossa esperança é que o novo governo brasileiro, com a nova presidente, se manifeste sobre a questão dos direitos humanos como membro da OEA. Queremos ter um governo democrático como o do Brasil", disse Roderick Navarro, 23, um dos estudantes do movimento. A comissão da OEA terá a missão de investigar supostas violações de direitos humanos na Venezuela.
Os universitários rejeitaram o chamado do ministro do Interior, Tareck El Aissami, para um "diálogo franco" sobre suas reivindicações que devem ser processadas por meio de "mecanismos internos".
Além da visita do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, os estudantes pedem a libertação de 27 pessoas que consideram "prisioneiros políticos", entre eles três deputados da oposição.
O protesto que começou na sede da OEA em Caracas e se espalhou por vários pontos do país e por representações diplomáticas.
A embaixada brasileira recebeu representantes dos manifestantes e uma carta de reivindicações. O documento será remetido a Brasília.
Ingerência
O ministro do Interior El Aissami e o chanceler venezuelano, Nicolas Maduro, concederam entrevista ontem para falar sobre o tema e acusar os EUA de ingerência. Ontem, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Mark C. Toner, afirmou que Washington está preocupado com a saúde dos manifestantes e instou o governo Chávez a aceitar uma visita da OEA.
O chanceler disse que a presença de Insulza, um crítico de Chávez, não é necessária e que ele está "tergiversando". Negou que tenha vetado suas visitas.
Insulza disse ter solicitado uma visita diversas vezes à Venezuela exigência formal da OEA.
Apesar disso, felicitou o contato do governo com os manifestantes. "Naturalmente, isso é suficiente para mim. A única coisa que peço é diálogo", afirmou.
A maioria dos grupos estudantis das principais universidades tem laços com os opositores.