Estudantes venezuelanos veem televisão durante greve de fome, do lado de fora da Embaixada brasileira em Caracas| Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

WikiLeaks

Lula saudou García em 2006 como um revés para Chávez

Lima - Um documento vazado pelo WikiLeaks revelou que em 2006 o então presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, saudou a eleição, no Peru, do presidente Alan García, e considerou este fato uma derrota política para o presidente da Venezuela, H ugo Chávez.

No documento, divulgado pelo WikiLeaks, o então embaixador americano em Lima, James Curtis Struble, refere-se a uma reunião entre Lula e García, que pouco antes havia derrotado no segundo turno Ollanta Humala, um ex-comandante do Exército, líder do Partido Nacionalista (esquerda).

O encontro teria sido presenciado por Pablo Portugal, funcionário da chancelaria peruana, que enviou correspondência a Washington. Segundo o diplomata peruano, Lula estimou na ocasião que o triunfo de García constituiu "um revés necessário para o presidente Chávez", trazendo a necessidade de "restaurar o equilíbrio regional" perante a influência do governante venezuelano.

Justificativa

Por isso Lula felicitou o eleito García por sua vitória, afirmando que ambos são "velhos amigos" que compartilham "a mesma visão sobre a política de integração econômica, social e regional", segundo as declarações de Portugal divulgadas na correspondência americana. Nas eleições peruanas de 2006, Chávez apoiou abertamente o candidato Humala e este respaldo foi qualificado por García e por diversos setores políticos como uma intromissão do presidente venezuelano em assuntos internos do Peru.

Humala é atualmente candidato às eleições presidenciais de 10 de abril e está em quarto lugar nas intenções de voto dos peruanos em um total de onze candidatos a suceder Alan García. Nesta campanha eleitoral, Humala se distanciou de Chávez e agora se aproximou do Partido dos Trabalhadores brasileiro, com quem se reuniu na última semana no Brasil.

AFP

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Caracas - Em greve de fome há 20 dias, um grupo de estudantes venezuelanos anunciou ontem que seguirá com o protesto até que o governo Hugo Chávez permita a entrada no país de uma comissão da Or­­ganização dos Estados America­­nos (OEA).

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Seis universitários se instalaram, com tendas e cartazes, em frente à Embaixada do Brasil em Caracas. Dizem só tomar água e soluções isotônicas.

"Nossa esperança é que o novo governo brasileiro, com a nova presidente, se manifeste sobre a questão dos direitos humanos como membro da OEA. Queremos ter um governo democrático co­­mo o do Brasil", disse Roderick Navarro, 23, um dos estudantes do movimento. A comissão da OEA terá a missão de investigar supostas violações de direitos humanos na Venezuela.

Os universitários rejeitaram o chamado do ministro do Interior, Tareck El Aissami, para um "diálogo franco" sobre suas reivindicações que devem ser processadas por meio de "mecanismos internos".

Além da visita do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, os estudantes pedem a libertação de 27 pessoas que consideram "prisioneiros políticos", entre eles três deputados da oposição.

O protesto que começou na sede da OEA em Caracas e se espalhou por vários pontos do país e por representações diplomáticas.

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A embaixada brasileira recebeu representantes dos manifestantes e uma carta de reivindicações. O documento será remetido a Brasília.

Ingerência

O ministro do Interior El Aissami e o chanceler venezuelano, Ni­­colas Maduro, concederam entrevista ontem para falar sobre o tema e acusar os EUA de ingerência. Ontem, o porta-voz do Depar­­ta­­mento de Estado dos EUA, Mark C. Toner, afirmou que Washing­­ton está preocupado com a saúde dos manifestantes e instou o go­­verno Chávez a aceitar uma visita da OEA.

O chanceler disse que a presença de Insulza, um crítico de Chá­­vez, não é necessária e que ele está "tergiversando". Negou que te­­nha vetado suas visitas.

Insulza disse ter solicitado uma visita diversas vezes à Venezuela – exigência formal da OEA.

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Apesar disso, felicitou o contato do governo com os manifestantes. "Naturalmente, isso é suficien­­te para mim. A única coisa que peço é diálogo", afirmou.

A maioria dos grupos estudantis das principais universidades tem laços com os opositores.