O protagonista de uma das ditaduras mais sangrentas no continente
O ditador mais cruel da Argentina. Assim ficou conhecido o ex-general Jorge Rafael Videla, que governou o país entre 1976 e 1981 com mãos de ferro, período marcado por violações aos direitos humanos. Apesar da má fama construída durante e após seu mandato, foi somente em abril do ano passado que o argentino reconheceu, pela primeira vez, que seu governo eliminou "entre sete mil e oito mil pessoas", número que pode ser ainda maior segundo as organizações de direitos humanos.
A líder das Avós de Praça de Maio, Estela de Carlotto, disse que a morte de um "ser desprezível" como o ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla, morto nesta sexta-feira (17) aos 87 anos, a tranquiliza.
"Há homens bons e homens maus. Esse era um homem mau", disse a representante da fundação dedicada a buscar aos filhos apropriados dos desaparecidos durante a ditadura (1976-1983).
No ano passado, um tribunal condenou o ex-ditador a 50 anos de prisão pelo plano sistemático de roubo de bebês filhos de perseguidos e desaparecidos durante a ditadura.
"Fico tranquila que um ser desprezível tenha deixado este mundo", disse Estela em declaração a veículos de imprensa locais, lembrando que Videla, que permanecia preso em uma penitenciária da cidade de Marcos Paz na província de Buenos Aires condenado a prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade, "nunca se arrependeu e reivindicou (a autoria) de todos os seus crimes".
Por sua vez, o secretário de Direitos Humanos da Argentina, Martín Fresneda, disse que "o Estado argentino não pode comemorar a morte de ninguém", mas sim "concordar" com que houve "justiça e não vingança, e Videla se vai desta terra como uma das pessoas que foram responsáveis pelos principais horrores que o povo argentino viveu".
"É importante que tenha tido morte natural e em uma prisão comum", disse Fresneda em declarações ao canal C5N, da TV argentina.