A sexta-feira, dia 13 de novembro, era um dia comum na rotina da paranaense Luciana Botelho. A documentarista, que vive em Paris há 20 anos, estava jantando fora de casa quando soube das primeiras notícias dos ataques terroristas na cidade. A volta para casa misturou o medo do que poderia acontecer no caminho e o alívio de chegar a salvo. Só então ela teve noção da dimensão dos ataques. “A gente não vai poder viver com a mesma liberdade”, lamenta. Confira o depoimento de Luciana:
“Foi surreal”, conta jornalista
A jornalista Aline Vissoni, de 31 anos, já havia morado em Paris entre 2011 e 2013. Voltou para lá este ano, mas não estava na cidade quando o semanário Charlie Hebdo foi alvo de ataques. Confira o relato da jornalista:
“Foi algo surreal estar tão perto de ataques terroristas, ainda mais numa cidade em que sempre me senti super segura. Fui dormir na sexta e eram 40 mortos e levantei com a notícia de que eram 129! Eu fiquei com a impressão no sábado de que eles poderiam atacar de novo e a qualquer momento. Preferi ficar em casa, porque estava muito assustada. No domingo, tinha que sair de casa para enxergar melhor a cena: vi tanta gente na rua, as crianças brincando, as famílias passeando, e isso me acalmou bastante. Mas esta segunda-feira (16) acho que foi o dia mais significativo do processo, porque a vida recomeça em muitos sentidos. Acho que por mais algum tempo vou ficar receosa de pegar o metrô e entrar em lugares de grande concentração de pessoas. Fiquei me perguntando no caminho pra faculdade se essa questão seria apenas minha. O fato é que vi nessa segunda, um dia bem padrão: metrô teve seu ritmo normal, cheio pra caramba, as pessoas continuavam apressadas e teve um monte de “pacotes suspeitos”, como quase sempre tem. Só a segurança foi reforçada na faculdade onde eu estudo (a Paris 8 que fica na periferia, em Saint-Denis, próximo ao Stade de France) e é das menos conservadoras da região; todos os alunos tiveram suas malas revistadas e tivemos que apresentar as carteirinhas.”