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A fronteira da Hungria com a Sérvia enfrenta nas últimas semanas um caos diário, diante da chegada de um número sem precedentes de refugiados e sem previsão para acabar. A maioria das pessoas a partir dos Balcãs é abrigada no maior campo do país, na cidade de Roszke.

Mas o tratamento recebido por eles é desumano, segundo um vídeo que mostra uma multidão de imigrantes tentando conseguiu alimentos. Após a divulgação do filme nas redes sociais, a polícia húngara anunciou nesta sexta-feira a abertura de uma investigação sobre a atuação dos guardas, enquanto o governo defendeu que eles estavam “tentando manter a ordem”.

O filme, registrado de maneira sigilosa por uma voluntária austríaca, mostra 150 pessoas dentro de um cercado tentando, desesperadamente, pegar sanduíches lançados por policiais húngaros. Entre a multidão, estão mulheres e crianças, enquanto um grupo ao fundo tentava chamar a atenção das autoridades.

“Era como alimentar animais presos em um cercado, como Guantánamo na Europa”, declarou Klaus Kufner, amigo de Michaela Spritzendorfer, a voluntária que registrou as cenas, divulgadas no Youtube na quinta-feira (11) e replicadas por vários usuários e veículos.

Os dois, ao lado de outros voluntários, seguiram para o acampamento para levar comida, roupa e medicamentos.

“Era desumano, e isto também mostra algo sobre estas pessoas, que não brigaram pela comida, embora estivessem com fome”, disse Michaela, casada com um político austríaco.

Após ver as imagens, a Human Rights Watch condenou o abrigo dados aos imigrantes, que segundo a organização estavam sendo mantidos como “gados em currais”.

Cinegrafista húngara diz que se arrepende de ter chutado refugiados

A cinegrafista húngara Petra Laszlo, que chutou e derrubou refugiados quando fugiam da polícia esta semana, disse que, como mãe, está arrependida de suas ações e agiu em momento de pânico.

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O porta-voz do governo húngaro, Zoltan Kovacs, respondeu às críticas alegando os guardas estavam “tentando manter a ordem” e chamou os imigrantes de serem “incapazes de fazer filas”. Além disso, ele afirmou que as imagens mostram um centro de detenção onde as pessoas passam, na melhor das hipótese, algumas horas, mas podem ficar até dois dias para atender os procedimentos previstos pela UE.

“Eu vejo policiais que estão cumprindo obrigações durante meses, tentando atender a 23 mil imigrantes que chegam de forma continuada todos os dias, enquanto não há cooperação de nenhum tipo”, disse Kovacs por e-mail à Reuters. “Posso ver que estão tentando manter a ordem entre aqueles que são incapazes de fazer filas para receber alimentos”.

Na terça-feira, a Agência da ONU para os refugiados criticou as duras condições no campo de Roszke, enquanto a Hungria tenta administrar o fluxo recorde de Imigrantes que atravessam suas fronteiras como parte da arriscada viagem para a Europa ocidental.

O governo conservador húngaro concluiu em agosto uma cerca de arame ao longo da fronteira de 175 km com a Sérvia, mas isto não parece representar um obstáculo para a chegada dos migrantes. Uma nova barreira, de quatro metros de altura, está sendo construída e deve ser concluída no fim de outubro ou início de novembro.

Além disso, na quinta-feira o Exército húngaro iniciou exercícios para reforçar a segurança e o controle na fronteira com a Sérvia.

“Vamos enviar três mil ou quatro mil soldados à fronteira, incluindo reservistas”, anunciou o ministro da Defesa húngaro, István Simicskó, que tomou posse na quarta-feira após a renúncia de seu antecessor.

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