O chefe da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos disse nesta quarta-feira (12) que os esforços de vigilância das autoridades ajudaram a evitar "dezenas" de possíveis atentados, e no mesmo dia o responsável pela revelação dessas atividades governamentais secretas prometeu resistir a qualquer tentativa para que seja entregue à Justiça norte-americana.
Em seu primeiro depoimento público desde a revelação dos programas de vigilância telefônica e pela Internet, o general Keith Alexander defendeu as atividades da NSA, dizendo que elas cumpriram seu propósito de impedir atentados.
"São dúzias de eventos terroristas que eles ajudaram a impedir", disse Alexander a uma comissão do Senado, "tanto aqui quanto no exterior, perturbando ou contribuindo para perturbar ataques terroristas".
Com base em documentos entregues por Edward Snowden, um funcionário terceirizado que prestava serviços à NSA, os jornais The Guardian e The Washington Post revelaram na semana passada a vasta atividade dessa agência monitorando telefonemas e dados de empresas da Internet, como Google e Facebook.
As revelações motivaram uma investigação criminal e uma revisão interna do governo Obama sobre os possíveis danos à segurança nacional, mas também criaram uma intensa pressão por parte de parlamentares e ativistas para que o governo se submeta a controles mais rigorosos na vigilância interna.
A controvérsia sobre o programa também provocou um renovado debate sobre o equilíbrio entre os direitos de privacidade e as preocupações de segurança dos Estados Unidos em consequência dos ataques do 11 de setembro de 2001. Alexander disse que a NSA operou com o equilíbrio em mente.
"Quero que o povo norte-americano saiba que estamos tentando ser transparentes aqui e proteger as liberdades civis e a privacidade, mas também a segurança deste país", disse Alexander na audiência da Comissão de Orçamento do Senado.
"Prefiro receber uma surra pública e que as pessoas achem que estou escondendo alguma coisa a ameaçar a segurança deste país."
Snowden, que viajou para Hong Kong antes da revelação, disse em entrevista publicada nesta quarta-feira que pretende permanecer no território semiautônomo chinês, lutando contra um eventual pedido de extradição a ser feito pelos Estados Unidos.
"Não estou aqui para me esconder da Justiça. Estou aqui para revelar a criminalidade", disse Snowden ao jornal local South China Morning Post.
"Minha intenção é pedir aos tribunais e ao povo de Hong Kong para que decidam meu destino. Tive muitas oportunidades de fugir de Hong Kong, mas prefiro ficar e lutar contra o governo dos Estados Unidos nos tribunais, porque tenho fé no Estado de direito em Hong Kong."
Snowden, que prestava serviços em uma unidade da NSA no Havaí, vem sendo alvo de críticas e elogios nos últimos dias. "Não sou nem traidor nem herói. Sou um norte-americano", afirmou.
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