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Imagem tirada de um vídeo enviado no Youtube em 08 de abril de 2012, mostra um homem caminhando ao longo das casas e carros danificados, depois de supostamente bombardeios pelo Governo sírio na cidade de Homs | AFP PHOTO/YOUTUBE
Imagem tirada de um vídeo enviado no Youtube em 08 de abril de 2012, mostra um homem caminhando ao longo das casas e carros danificados, depois de supostamente bombardeios pelo Governo sírio na cidade de Homs| Foto: AFP PHOTO/YOUTUBE
  • Imagem tirada de um vídeo enviado no YouTube em 9 de abril de 2012 mostra tanques do exército sírio na cidade de Homs

Mais de 100 pessoas, em sua maioria civis, morreram nesta segunda-feira (9) na Síria vítimas da violência, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), a poucas horas do prazo estabelecido pela ONU para que o Exército sírio retire os tanques das cidades. Pelo menos 101 pessoas, sendo 74 civis, 19 membros das forças do governo e oito rebeldes morreram nesta segunda-feira na Síria, indicou a OSDH.

O Exército sírio lançou nesta segunda-feira vários ataques nas fronteiras com os vizinhos Turquia e Líbano. Fato raro desde a eclosão da revolta, em meados de março de 2011, os helicópteros do Exército sírio bombardearam durante a noite Kafarzita, uma cidade da província de Hama, no centro do país, onde ocorrem confrontos entre o Exército e rebeldes, segundo o OSDH.

Antes, na cidade vizinha de Latamna, pelo menos 35 civis, na maioria mulheres e crianças, morreram nos bombardeios do Exército sírio, de acordo com a organização.

"Trinta e cinco pessoas morreram em bombardeios, incluindo 15 crianças e jovens com menos de 18 anos, assim como oito mulheres, e ainda há pessoas sob os escombros", afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH, indicando também dezenas de feridos.

A cidade já havia sido bombardeada no sábado, deixando 40 mortos, segundo ele. Ainda na província de Hama, pelo menos 27 civis perderam a vida em bombardeios na cidade de Tal Rifaat, palco de violentos combates entre o Exército e insurgentes. Outros 12 civis foram mortos em todo o país, sendo sete em Homs (centro), quatro em Damasco e um em Deraa (sul).

Também foram registradas as mortes de 19 membros das forças do governo em todo o país, incluindo 13 em enfrentamentos e em ataques rebeldes na cidade de Aleppo (norte) e seis em confrontos na fronteira turca. Oito rebeldes foram mortos na província de Idleb (noroeste) em combates com as forças governamentais.

Os ataques foram registrados poucas horas antes da data fixada pela ONU para que o Exército se retire das cidades com vistas a um cessar-fogo que parece cada vez mais improvável.

As esperanças diminuíram depois de o regime de Baahar al-Assad ter afirmado no domingo que só retiraria suas tropas na terça-feira, como previsto pelo plano de paz da ONU, caso recebesse "garantias escritas" dos combatentes rebeldes.Os insurgentes afirmaram, por sua vez, que estão prontos para cumprir o cessar-fogo se Damasco fizer a mesma coisa.

"Nós anunciaremos o fim das operações contra o exército do regime a partir da manhã do dia 10 de abril e respeitaremos esta promessa caso o regime respeite as cláusulas do plano", declarou à AFP o coronel Kassem Saadeddine, porta-voz do Exército Sírio Livre (ESL).

Domingo, o coronel Riad al-Assaad, líder do ESL, reiterou o "compromisso com o plano Annan" e afirmou que suas garantias eram reservadas à comunidade internacional e não ao regime.

Pequim, aliado de Damasco, pediu que cada lado respeite esses "compromissos". A ONU anunciou, em 2 de abril, que Damasco havia aceitado o plano de seis pontos do emissário internacional Kofi Annan, que o obriga a retirar seus tanques até a manhã de terça-feira, e prevê um cessar-fogo geral nas 48 horas seguintes.

De acordo com os militantes, a exigência de garantias escritas feita pelo regime é apenas uma tática. "O regime acreditava que (até 10 de abril) assumiria o controle das cidades (rebeldes). Como este não é o caso, tenta ganhar tempo", acredita Abdel Rahman. "Se o plano de Annan não funcionar, nada vai funcionar e a Síria irá mergulhar em uma longa guerra civil", alertou.

Em meio à onda de violência, nesta segunda-feira, um cinegrafista libanês da rede televisão Al-Jadeed foi morto na fronteira entre Síria e Líbano pelo Exército de Bashar al-Assad, informou a emissora.

Este é o primeiro jornalista morto na fronteira desde o início, em 15 de marco de 2011, da revolta popular na Síria, que se militarizou ao longo dos meses contra a estratégia repressiva de Damasco.

Na Turquia, dois sírios e um intérprete turco foram feridos por tiros "vindos do território sírio", relatou à AFP um diplomata turco.

Após este incidente, um funcionário do Ministério turco das Relações Exteriores apelou a um "cessar-fogo imediato", segundo um diplomata turco.

Na terça-feira, Kofi Annan deverá visitar dois campos de refugiados em Hatay, no sul da Turquia, que abriga 25.000 sírios.A ofensiva síria aniquilou o plano Annan, afirmou o vice-ministro turco das Relações Exteriores Naci Koru. "É evidente que o plano Annan não será executado", disse, citado pela agência Anatólia. "Um novo período vai começar a partir de amanhã", acrescentou o funcionário.

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, antes próximo de Damasco, tornou-se crítico e chegou a ameaçar tomar "medidas", caso a repressão continue.

O jornal Milliyet afirma que se o número de refugiados ultrapassar 50.000, Ancara irá considerar a criação de "corredores humanitários" na fronteira, protegidos pelo exército turco.

Segundo o OSDH, a violência já custou a vida de mais de 10.000 pessoas. A imprensa síria anunciou que o ministro das Relações Exetriores, Walid Mouallem, iria visitar Moscou na segunda-feira para conversar com seu homólogo Sergei Lavrov a respeito da missão de Annan.

A organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW) acusou as forças e milícias do regime de realizar ao menos uma centena de execuções nas últimas semanas nas províncias de Homs (centro) e Idleb (noroeste).

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