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Os confrontos entre a polícia e manifestantes que exigem a saída do governo militar há três dias no Egito deixaram 22 mortos, 21 no Cairo e um em Alexandria, anunciaram nesta segunda-feira funcionários de um necrotério da capital.

Um registro anterior indicava na manhã desta segunda-feira 33 mortos desde sábado, mas o necrotério reconheceu uma confusão na contagem de vítimas.

"Onze corpos correspondem a pessoas mortas em circunstâncias que não têm relação alguma com os enfrentamentos da Praça Tahrir", declarou um funcionário do necrotério.

Esse novo registro coincide com o do Ministério da Saúde, que havia indicado 22 mortos e centenas de feridos.

"O número de mortos na Tahrir (Cairo) e em outras províncias chega a 22" desde que começaram os distúrbios, no sábado passado, havia indicado o Ministério da Saúde, que anunciava 1.700 feridos.

Os enfrentamentos prosseguiram na manhã desta segunda-feira entre a polícia, que disparava bombas de gás lacrimogêneo, e centenas de manifestantes divididos em pequenos grupos na praça e nas imediações. Estes respondiam jogando pedras.

Estes incidentes foram registrados a uma semana do início, em 28 de novembro, das primeiras eleições legislativas depois da queda em fevereiro do presidente Hosni Mubarak, obrigado a renunciar por uma revolta popular.

Os manifestantes exigem o fim do poder militar instaurado depois da queda de Mubarak. A revolta popular é dirigida em particular contra o marechal Hussein Tantaui, chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) e governante de fato do país.

A uma semana das eleições parlamentares que podem sacramentar o início da transição para um governo civil, os militares enfrentam os protestos mais intensos desde que assumiram o poder após a renúncia de Hosni Mubarak.

Forças de segurança voltaram a usar a força para tentar conter os cerca de 3 mil manifestantes na região da Praça Tahrir, onde nesta manhã um hospital de campanha foi atacado. Policiais foram mais uma vez alvo de pedras e de blocos de concreto lançados contra eles.

Quatro dias depois da marcha antigoverno pacífica, que reuniu 50 mil pessoas na sexta-feira e detonou a nova onda de violência no sábado, ainda havia confrontos esporádicos nos arredores da Praça Tahrir - foco das manifestações que derrubaram Mubarak em fevereiro.

Vídeos postados na internet mostram policiais batendo em manifestantes e até despejando em uma pilha de lixo o que parecia ser um corpo. A polícia negou que tenha usado munição letal.

Um acordo chegou a ser fechado na noite de domingo entre a polícia, o Exército e o imã Mazhir Shahin, um dos líderes do protesto de sexta-feira. Os manifestantes foram então autorizados a permanecer na Praça Tahrir desde que não se deslocassem para os prédios do governo localizados na região.

Os confrontos desta segunda acontecem perto do prédio do ministério do Interior. Há enfrentamentos também em outras cidades do Egito, como Suez e Alexandria, onde um homem foi morto a tiros no fim de semana.

Ministro renuncia e militares adiam detalhamento das eleições

Além dos embates, o governo militar enfrenta outro problema: o ministro da Cultura, Emad Abu Ghazi, renunciou em protesto contra a violência. Os confrontos também levantaram dúvidas sobre a capacidade das Forças Armadas de realizarem as eleições que terão sua primeira etapa na próxima segunda-feira.

A data já foi adiada pelos militares diversas vezes, provocando críticas e denúncias de que eles estariam evitando a transferência do poder. Além disso, o poder executivo continuará com os militares após a eleição parlamentar e só será passado aos civis após a eleição presidencial, que deve acontecer no fim de 2012 ou no início de 2013.

O Conselho Supremo das Forças Armadas, conselho que governa o país, repetiu seu compromisso com o cronograma anunciado previamente e expressou "tristeza" com a situação. Mas uma entrevista que detalharia no domingo o processo eleitoral foi adiada por tempo indeterminado.

"Todos nós estamos insistindo em ter eleições no prazo: o governo, os partidos e o Conselho Supremo das Forças Armadas", afirmou o porta-voz Mohamed Hegazy.

Um dos grupos que participa das manifestações, o movimento 6 de abril disse que manterá os protestos até que os militares atendam suas demandas, que incluem o agendamento das eleições presidenciais para até abril de 2012.

Outras exigências dos manifestantes são o julgamento dos responsáveis pela repressão aos protestos de fevereiro e a substituição do atual gabinete - especialmente o marechal Mohamed Hussein Tantawi, ministro da Defesa de Mubarak por duas décadas e atual líder do conselho governante.

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