Israel atacou nesta sexta-feira militantes palestinos na Faixa de Gaza, que reagiram disparando foguetes, após violentos confrontos na desértica fronteira com o Egito, o que provocou tensões entre Israel e os novos governantes no Cairo.
O Egito fez um protesto formal e exigiu que Israel investigue as mortes de três agentes seus que, segundo o Cairo, foram mortos por forças israelenses que perseguiam militantes culpados por emboscadas na quinta-feira. Ao todo, mais de 20 pessoas morreram.
Oito israelenses perderam a vida no ataque ocorrido próximo à fronteira com o Egito, e pelo menos sete militantes também foram mortos depois de serem perseguidos pelas forças israelenses ao longo da permeável fronteira com o Egito.
Israel prontamente atribuiu a responsabilidade a um grupo palestino que não é ligado ao movimento Hamas, que governa a Faixa de Gaza. O Estado judeu reagiu com dois dias de bombardeios aéreos que mataram dez militantes, além de duas crianças, de 2 e 13 anos.
Na quinta-feira, um desses bombardeios matou a liderança dessa facção palestina. Os ataques continuaram ao longo da sexta-feira. Os funerais reuniram grandes multidões, que entoavam slogans contra Israel e juravam vingança.
A emboscada de quinta-feira, em um trecho geralmente pacato da fronteira, pegou Israel de surpresa.
"Temos uma política de cobrar um preço muito alto de qualquer um que nos atacar, e tal política está sendo implementada", disse nesta sexta-feira o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ao visitar israelenses hospitalizados.
O Hamas também prometeu reagir. "Não vamos permitir que o inimigo promova uma escalada nas agressões sem ser punido", disse a ala militar do grupo islâmico.
Militantes de Gaza dispararam 22 foguetes contra cidades do sul de Israel nesta sexta-feira, segundo militares israelenses. Dois deles atingiram uma sinagoga e uma escola na localidade de Ashdod, ferindo duas pessoas, uma delas com gravidade.
Israel retaliou lançando mais de doze ataques aéreos, um dos quais matou dois homens armados no centro da Faixa de Gaza, já na noite de sexta, segundo fontes hospitalares palestinas.
Em resposta aos ataques israelenses, o braço armado do Hamas anunciou no início de sábado (horário local) que não está mais comprometido com uma trégua de mais de dois anos com Israel, que encerrou uma guerra, no início de 2009.
Mas, numa aparente tentativa de diminuir as tensões, um porta-voz do Hamas disse à Reuters que "essa não era a posição oficial" do grupo. O líder do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, disse separadamente que estava buscando a intervenção do Egito e da ONU para "interromper a agressão contra Gaza."
Infiltração no Sinai
Israel disse que os autores da emboscada de quinta-feira fugiram para fora da bloqueada Faixa de Gaza e entraram no deserto do Sinai, que pertence ao Egito, para então seguirem rumo ao sul e se infiltrarem em Israel, onde atacaram perto da cidade balneária de Eilat, à beira do mar Vermelho.
As forças israelenses já estavam em alerta elevado contra um ataque, e se apressaram em atribuir a agressão aos Comitês de Resistência Populares (CRP), que negou envolvimento na emboscada de quinta-feira, mas reivindicou alguns dos foguetes disparados na sexta.
Os CRP disseram que seu comandante, Kamal al-Nairab, seu adjunto, Immad Hammad, e três outros membros foram mortos na quinta-feira em um bombardeio contra uma casa em Rafah, na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito.
Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para discutir uma declaração, proposta pelos EUA, que condenava os ataques contra Israel. O Líbano, único país árabe no Conselho, impediu um acordo, pois insistiu que a declaração também condenasse os bombardeios israelenses contra Gaza, segundo diplomatas.
Líderes israelenses acusaram a junta militar que governa o Egito de perder o controle sobre a península do Sinai. Os governantes egípcios rejeitaram essa acusação, mas Israel teme que o seu outrora pacato flanco sul esteja rapidamente se tornando uma ameaça à sua segurança.
"Esperamos que o ataque terrorista de ontem (quinta-feira) na fronteira sirva como um ímpeto para que o lado egípcio exerça de forma mais efetiva a sua soberania sobre o Sinai", disse um alto funcionário do governo israelense, pedindo anonimato.
O Egito, por sua vez, manifestou indignação com a morte de um oficial do Exército e de dois agentes de segurança no seu lado da fronteira na quinta-feira, embora não esteja claro como essas mortes ocorreram. Testemunhas disseram que eles foram atacados por israelenses que haviam se disfarçado de soldados egípcios.
"O Egito apresentou um protesto formal a Israel pelos incidentes de ontem na fronteira, e exige uma investigação urgente sobre as razões e circunstâncias que cercam a morte dos três (integrantes) das forças egípcias", disse um oficial do Exército no Cairo.
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