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Intolerância

Violência religiosa no Iraque mata mais de cem pessoas

BAGDÁ - Mais de cem pessoas morreram no Iraque depois que o ataque contra uma importante mesquita xiita desencadeou os piores incidentes sectários registrados no país desde a queda de Saddam Hussein, informou a polícia nesta quinta-feira.

Nas últimas 24 horas, a polícia iraquiana encontrou pelo menos 130 cadáveres - na grande maioria, sunitas assassinados a sangue frio. Em Nahrawan, nos arredores de Bagdá, dezenas deles foram retirados de ônibus e executados ali mesmo. De acordo com as forças de segurança, imãs (líderes religiosos muçulmanos) foram mortos e outros seqüestrados. Há registro de mais de 150 mesquitas atacadas em todo o país.

Em uma das represálias mais sangrentas pela destruição causada em um dos locais mais sagrados do Islã xiita, homens vestidos com uniformes da polícia levaram 12 supostos rebeldes sunitas, entre eles dois egípcios, de uma prisão da cidade de Basra, de maioria xiita, e mataram 11 deles.

Autoridades policiais desconfiam de que o Exército de Mehdi, violenta milícia xiita do líder religioso radical Moqtada al-Sadr, esteja por trás dos ataques.

O encrudecimento da violência se espalhou para o campo político. O principal bloco sunita no Iraque se retirou nesta quinta-feira das negociações para a formação de um novo governo no país, acusando a aliança xiita de estar por trás da violência sectária que ameaça se alastrar. Líderes religiosos também trocaram acusações.

- A Associação de Clérigos Muçulmanos aponta o dedo para certas autoridades religiosas xiitas por convocarem manifestações - disse o porta-voz xeque Abdul Salam al-Qubaisi.

A Frente de Coordenação Iraquiana, o maior grupo árabe sunita do Iraque, boicotou um encontro convocado pelo presidente Jalal Talabani nesta quinta-feira para acalmar as tensões e acusaram o governo liderado pelos xiitas de fracassar na proteção de mesquitas sunitas.

- A liderança do Frente de Coordenação Iraquiana enviou suas justificativas ao presidente para dizer que não vão comparecer à reunião de hoje - disse o integrante da frente Iyad al-Samarrai.

Quarenta corpos foram achados no sul de Bagdá, em Nahrawan, indicaram a polícia e membros do Exército iraquiano, mas não estava claro se estavam incluídos já em uma contagem inicial de 58 mortos nas últimas 24 horas em Bagdá.

Na cidade de Baquba, ao nordeste da capital, uma bomba contra uma patrulha do Exército iraquiano nesta quinta-feira matou 12 pessoas e deixou 21 feridos.

Três jornalistas - incluindo uma repórter - que trabalhavam para a rede de televisão árabe Al-Arabiya morreram em tiroteios em Samarra, onde o ataque sem vítimas, mas altamente simbólico realizado na quarta-feira contra a Mesquita Dourada provocou protestos generalizados.

Numa tentativa de interromper a onda de violência, o Iraque cancelou as férias e licenças de toda a polícia e do Exército e estendeu o toque de recolher em Bagdá e em outras cidades, informaram nesta quinta-feira fontes do Ministério do Interior.

O pessoal da segurança foi colocado em alerta máximo, informou a fonte. O toque de recolher foi estendido indefinidamente em Bagdá e agora será de 20h às 6h, em vez de 23h às 5h.

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