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América Latina

Violentos protestos por morte de mineiros brasileiros-venezuelanos

Violentos protestos foram registrados nesta segunda-feira nos povoados de La Paragua e Maripa, estado de Bolívar (sudeste), na fronteira entre o Brasil e a Guiana, por causa da morte de pelo menos quatro mineiros brasileiros-venezuelanos em um incidente com militares, informaram testemunhas à AFP.

No povoado de Maripa a casa do prefeito Juan Carlos Figarella foi saqueada e incendiada, enquanto que os habitantes de La Paragua fecharam o acesso ao povoado e queimaram pneus, informou Víctor Luis Amaya, mineiro da região.

O mineiro Javier Lezama disse à TV Globovisión que várias áreas foram tomadas pelos manifestantes: "Não vamos parar" até que as autoridades cheguem à região.

O governador do Estado de Bolívar, Francisco Rangel, estava reunido com as autoridades locais, incluindo o prefeito Figarella, na tarde de hoje, na capital regional de Ciudad Bolívar (440 km a sudeste de Caracas), informaram funcionários.

Quatro mineiros morreram e outra pessoa ficou ferida na sexta-feira passada, em um incidente com militares que ainda não foi esclarecido, segundo o ministro da Defesa, general Raúl Baduel.

Mas Amaya informou que, além dos quatro mortos confirmados pelo ministro, nesta segunda-feira foram encontrados outros dois corpos de indígenas que teriam morrido no mesmo conflito.

"Havia um grupo de mineiros que ia para La Paragua. Um helicóptero militar chegou, baixou e começou a disparar. O mesmo helicóptero regressou depois e jogou um explosivo de alta potência", narrou Amaya por telefone.

Tomás Salazar, dirigente mineiro da zona, falou, por sua vez, que os habitantes de La Paragua decidiram impedir a entrada e saída da população e exigem a presença do presidente Hugo Chávez no lugar.

"Não querem mais intermediários, pedem que o presidente em pessoa vá a La Paragua", assegurou Salazar, acrescentando que o prefeito Gilberto Villarroel já se encontra no lugar.

Segundo Salazar, os mortos são quatro mineiros que há 20 anos trabalham na região.

O dirigente descartou que os mortos tivessem armamento sofisticado e assegurou que o que utilizaram não passou de um revólver.

Salazar indicou ainda que o protesto também visava à revisão do plano de reconversão mineira, que responde à reforma da Lei de Minas discutida pela Assembléia Nacional.

A reforma da Lei de Minas busca preservar as bacias dos rios e lagos da região, mas Salazar criticou que "até agora não se fez nenhum censo dos mineiros".

O ministro da Defesa indicou na véspera que o pessoal militar envolvido no incidente será colocado à disposição da Promotoria, apesar de não precisar como aconteceu o incidente, nem confirmar a identidade das vítimas.

Baduel indicou que foram apreendidas armas e negou as versões segundo as quais um helicóptero militar disparou contra os mineiros.

Bolívar é um estado minerador onde grandes empresas estatais extraem ferro, bauxita e ouro, enquanto que os mineiros exploram artesanalmente as pepitas de ouro e as pedras preciosas.

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