No momento em que os Estados Unidos tentam convencer outros países a imporem restrições às viagens de autoridades do Irã, país acusado de desenvolver armas nucleares, um importante funcionário iraniano causou constrangimento em Washington ao se infiltrar no país para uma visita neste mês.
Sean McCormack, porta-voz do Departamento de Estado, disse nesta terça-feira que Mohammad Nahavandian, assessor do negociador iraniano de questões nucleares, Ali Larijani, estava em Washington, mas que não se reuniu com autoridades dos EUA e que sua presença está sendo monitorada.
- É uma questão do nosso interesse, e se eu tiver mais informações hoje ou nos próximos dias, vou transmiti-las - disse McCormack a jornalistas.
O fato de Nahavadian ter conseguido entrar nos EUA é constrangedor para Washington, que na terça-feira defendeu, numa reunião de potências mundiais em Moscou, restrições aos deslocamentos de autoridades iranianas.
McCormack não explicou como Nahavadian entrou nos EUA, onde há rígidos controles à presença de autoridades iranianas.
Nahavandian esteve legalmente nos EUA, mas não entrou com visto. Isso pode significar que ele tem direito de residência ou que viajava com um passaporte de algum país cujos cidadãos são dispensados de vistos para entrar nos EUA, segundo McCormack.
- Não temos registro de termos emitido um visto para uma pessoa com este nome - afirmou, lembrando que o Irã não mantém relações diplomáticas com os EUA. Devido às restrições em vigor, diplomatas iranianos da ONU, por exemplo, só podem circular num raio limitado em torno de Nova York.
De acordo com o jornal Financial Times, um assessor iraniano disse neste mês que Nahavandian estava em Washington para apresentar propostas de negociações diretas entre os dois países.
Mas McCormack descartou tal hipótese e reiterou que os EUA não vão discutir a questão nuclear do Irã diretamente com a República Islâmica.
- Não convidamos nenhum indivíduo desses, e a esta altura não temos planos de fazê-lo - afirmou.
Embora rejeite negociações sobre o programa nuclear, o governo Bush já autorizou o seu embaixador em Bagdá, Zalmay Khalilzad, a se reunir com autoridades iranianas. Esse diálogo, porém, se limitará à situação do Iraque.
O senador republicano Richard Lugar, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, pediu ao governo que negocie diretamente com Teerã, sugestão que foi prontamente rejeitada pelas autoridades.