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Ollanta Humala comemora com sua mulher, Nadine Heredia, e simpatizantes a vitória no segundo turno | Mariana Bazo/Reuters
Ollanta Humala comemora com sua mulher, Nadine Heredia, e simpatizantes a vitória no segundo turno| Foto: Mariana Bazo/Reuters

Perfil

Ollanta Humala tem histórico polêmico.

- Nasceu em 27 de junho de 1962, em Lima.

- Oficial do Exército em retiro.

- Casado pai de três filhos.

- Estudou no colégio peruano japonês La Unión, em Lima.

- Como militar, combateu o Sendero Luminoso no interior do país e participou da guerra de Cenepa, contra o Equador em 1995.

- Foi agregado militar na Coreia do Sul e França.

- Em 2000 liderou uma rebelião contra o então presidente Alberto Fujimori.

- Em 2005 fundou o Partido Nacionalista.

- Em 2005 apoiou a distância um golpe protagonizado por seu irmão Antauro, que tomou uma delegacia na cidade de Andahuaylas, para exigir a renúncia do presidente Alejandro Toledo. O incidente terminou com a morte de quatro policiais.

- Foi candidato presidencial em 2006, derrotado por Alan García.

Análise

Analistas asseguram que ainda existem dúvidas sobre qual será o perfil do novo presidente, que assume em 28 de julho:

Juan Gabriel Tokatlián, professor de Relações Internacionais da universidade Torcuato Di Tella: "Em 2001, a Venezuela de Chávez era uma exceção no cenário andino. Peru, Colômbia, Equador e Bolívia eram governados por presidentes de centro e centro-direita. Hoje, a Colômbia é a exceção. Humala dará mais importância ao social e à participação do Estado na vida política e econômica do país. O que não sabemos é se ele será um andino com sotaque caribenho ou brasileiro."

Franklin Ramírez, pesquisador da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais de Quito: "Se Humala tivesse ganhado em 2006, a situação teria sido bem diferente. Nesta segunda campanha ele se afastou de Chávez e se aproximou do Brasil. O governo Correa (Equador) têm dúvidas sobre como será o comportamento de Humala, se ele vai manter a atitude moderada que mostrou na campanha ou atuará de forma mais revolucionária."

José Vicente Carrasquero, professor de Ciência Política da Universidade Símon Bolívar de Caracas: "O distanciamento de Chávez foi estratégia de campanha. Nas últimas semanas surgiram informações sobre o envio de dinheiro pelo governo da Venezuela para a campanha do presidente eleito do Peru. A partir de agora, a região terá um novo governo de esquerda que adotará medidas radicais, como por exemplo, a limitação do tratado de livre comércio do Peru com os EUA."

Carlos Cordero, professor da Universidade Maior de San Andrés de La Paz: "No momento, a ala nacionalista e antiimperialista integrada por Chávez, Correa e Morales se sente fortalecida. Existe uma expectativa de reaproximação com o Peru e até mesmo de auxílio para que a Bolívia resolva seus conflitos territoriais com o Chile."

Lima - O mercado financeiro peruano despencou em reação à eleição do esquerdista Ollanta Humala à Pre­sidência do país. Humala teve 51,41% dos votos na eleição de domingo, diante de 48,5% dos votos da direitista Keiko Fujimori.

A Bolsa de Lima teve uma das maiores baixas de sua história – caiu 12,51%. A Bolsa encerrou an­­tecipadamente o pregão, às 12h 48, depois de ter sido suspenso por uma hora, por causa do movimento exagerado dos investidores.

O Banco Central peruano também teve de intervir para segurar o valor da moeda, o sol, que chegou a cair 1,16%.

No twitter, o dia negro do mercado financeiro peruano era descrito como "golpe de Estado econômico’’ e "terremoto da bolsa’’.

Investidores temem que Hu­­mala vá fazer mudanças radicais no modelo econômico. O Peru é um dos países que mais crescem no mundo, com média de 7% ao ano, mas não conseguiu melhorar de forma significativa a distribuição de renda.

Ele foi eleito com voto maciço das regiões mais pobres do país, na Amazônia, nos Andes e no sul. Lima e o empresariado, em contrapartida, votaram em Keiko.

Em seu discurso de vitória, on­­tem, Humala tentou acalmar o mercado. "Vamos promover mais investimentos, consolidar a economia de mercado e fortalecer o mercado interno’’, disse ele.

Humala vem tentando tranquilizar investidores, dizendo que vai manter as políticas macroeconômicas e respeitar a independência do Banco Central.

Mas o mercado teme que Hu­­mala aumente a intervenção do Estado na economia e comprometa o orçamento público para aumentar os gastos sociais.

"Não somos estatistas e acreditamos na economia de mercado. Não vamos desapropriar os cachorros ou as galinhas de ninguém’’, disse o porta-voz da campanha, Daniel Abugattas.

Representantes da Confede­ração das Empresas Peruanas, a Confiep, pediram que Humala nomeie rapidamente seu ministro da Economia e seu primeiro-ministro, para acalmar os ânimos dos mercados.

O Brasil comemorou a vitória de Humala. A presidente Dilma Rousseff telefonou para o presidente eleito na manhã de ontem. Dilma deve ir à posse no Peru no final de julho.

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