Asif Ali Zardari, viúvo da líder oposicionista e ex-primeira-ministra assassinada Benazir Bhutto, foi eleito presidente do Paquistão. O resultado dá continuidade à transição do país do regime militar para um governo civil e completa a ressurreição política do polêmico viúvo de Benazir. "Asif Ali Zardari garantiu 281 votos dos 426 votos válidos para o Parlamento", disse o chefe da comissão eleitoral paquistanesa, Qazi Mohammad Farooq. Foi uma "vitória da democracia", segundo o Partido do Povo do Paquistão (PPP), de Zardari, que era anteriormente liderado por Benazir.
"É um vitória histórica", disse Sherry Rehman, ministro da Informação e assessor de Benazir até ela ser assassinada no ano passado. "Este homem sofreu com a prisão por mais de 11 anos em favor da democracia e hoje ele é eleito como presidente do país e este é um sinal de fortalecimento da democracia", acrescentou. A votação foi realizada neste sábado (6) nas duas câmaras do Parlamento e em quatro assembléias provinciais do Paquistão. Zardari obteve uma ampla maioria nas três das quatro assembléias provinciais que formam o colégio eleitoral, disseram as autoridades.
Em Sindh, sua província natal, Zardari garantiu 62 dos 65 votos, enquanto seus dois principais adversários, Saeed uz Zaman Siddiqui e Mushahid Hussain, não obtiveram um único voto. Siddiqui era apoiado pelo ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif e Hussain é um aliado próximo de Pervez Musharraf, cuja renúncia em 18 de agosto passado, em meio às ameaças de impeachment, levou à convocação das eleições.
Na província da Fronteira do Noroeste, Zardari obteve uma clara vitória com 56 votos contra cinco de Siddiqui e um de Hussain. No Baluquistão, Zardari ficou com 59 votos, enquanto Siddiqui e Hussain receberam dois votos cada. Os resultados de Punjab, onde Sharif comanda uma maioria, ainda eram aguardados.
Figura polêmica
Segundo o "The Wall Street Journal", a vitória de Zardari, que chefia o partido político que controla a coalizão de governo, era amplamente esperada. Sua vitória garante controle dos postos de presidente e primeiro-ministro para o PPP, mas não põe fim à incerteza política na mais volátil potência nuclear do mundo. Os militares, que dirigiram o Paquistão por mais da metade de seus 61 anos de história, continuam influentes e seu grau de confiança em Zardari não está claro. O mandato de cinco anos de Zardari se estende até 2013.
Apesar de vencer com ampla apoio dos parlamentares, Zardari continua uma figura política polêmica. Sua candidatura enfrentou oposição tanto por acusações de crimes no passado como por recentes promessas não cumpridas de reinstalar os juízes afastados durante um estado de emergência.
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