Ao contrário do que muitos pensam, latino-americanos e negros não vão votar em peso contra Donald Trump, o que poderia ser natural depois das afirmações do candidato contra a presença de imigrantes nos Estados Unidos. Pesquisas mostram que esses grupos estão divididos.
“No caso dos latino-americanos, por exemplo, as declarações nas quais ele prometeu dificultar a vida dos imigrantes não tiveram repercussão importante a ponto de mudar o voto da maioria dos latinos”, diz Mark Hugo Lopez, diretor de pesquisas no instituto Pew Research Center.
Um fato que pode ilustrar essa realidade foi a votação para presidente feita há poucas semanas em uma aula de história da Miami-Dade College, onde maior parte dos estudantes é descendente de imigrantes. O professor pediu aos alunos que dessem sua opinião de forma secreta, escrevendo ao lado os argumentos que o levaram àquele voto.
“Pensamos que Hillary Clinton ia vencer e ficamos surpresos quando contamos os votos e ficou metade para ela e metade para Donald Trump”, conta Darlin Gonzalez, filha de cubanos, de 23 anos, que disse ter votado por Hillary, mas sabe que muitos cubanos da geração dos seus pais votarão em Trump. “A partir disso, discutimos muito quais são as vantagens e desvantagens de cada candidato”, afirmou.
Para outra estudante da mesma universidade, Joanne Charles, afrodescendente de 21 anos, quem vota em Trump está sendo muito pressionado. “Não gosto dele e nem acho que vai fazer tudo o que disse que ia fazer, o muro com o México, entre outras coisas. Mas, depois de ler muito, tenho certeza que a Hillary é muito pior, mas as pessoas têm receio de dizer porque Trump é um personagem muito controverso”, afirmou.
*A jornalista acompanha o processo eleitoral nos Estados Unidos pelo programa Reporting Tour Election.