Brasileiro relata rotina entre cinzas do vulcão
Joana Neitsch
Cinzas cobrem o carro e a varanda da casa do brasileiro Pedro Zivani, que mora na região metropolitana de Reiquiavique, capital da Islândia. Natural de Belo Horizonte, ele vive há quatro anos no país e trabalha como engenheiro de redes. O vulcão Grimsvotn fica a 200km de sua casa, de onde é possível enxergar os vestígios do fenômenos natural. "No dia da erupção dava pra ver uma nuvem vertical. Depois, as cinzas foram se espalhando e os dias estão mais escuros", relata, por telefone, o brasileiro.
A mudança da paisagem altera o cenário do verão, atual estação na Islândia. Nessa época, não escurece, o que gera o fenômeno chamado "sol da meia-noite".
Zivani explica que, mesmo a erupção do vulcão deste ano sendo menos intensa que a do vulcão Eyjafjallajokull, no ano passado, a direção do vento está diferente. Por isso, as cinzas estão indo mais em direção ao norte, rumo à capital islandesa. Entre as consequências esperadas estão as enchentes geradas pelo derretimento de geleiras, aquecidas pela erupção.
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Londres - As nuvens de cinzas expelidas pelo vulcão islandês Grimsvotn deixou milhares de passageiros em terra ontem, sobretudo na Escócia, com a paralisação do tráfico aéreo no norte europeu. "A nuvem chegou na Escócia e na Irlanda do Norte", explicou o chefe de operações do órgão de controle do tráfico aéreo europeu (Eurocontrol), Brian Flynn.
"Até o fim do dia, a nuvem deve alcançar o sul da Escandinávia, a Dinamarca e parte do norte da Alemanha. Depois, deve continuar para o sul e alcançar primeiro a França e depois a Espanha, mas é difícil saber quando", afirmou.
A Comissão Europeia anunciou que não prevê o fechamento de uma grande área do espaço aéreo da União Europeia (EU). Os europeus devem "se preparar para uma semana muito difícil para os passageiros das companhias aéreas", declarou à imprensa o ministro dos transportes Siim Kallas; no entanto, "não nos anteciparemos fechando uma grande parte do espaço aéreo como no ano passado".
"As cinzas (do vulcão) são diferentes, as condições meteorológicas são diferentes e a resposta europeia é diferente", com uma coordenação reforçada entre as autoridades nacionais, que devem decidir se fecham o seu espaço aéreo, afirmou.
A Eurocontrol anunciou o cancelamento de 500 voos na Europa devido à nuvem de cinzas, que já obrigou o presidente americano, Barack Obama, a antecipar sua saída da Irlanda, na segunda-feira, rumo a Londres. Companhias aéreas como British Airways, KLM, Easyjet e Aer Lingus suspenderam seus voos com destino final na Escócia até, pelo menos, ontem à tarde.
Uma informação animadora da Agência de Meteorologia Islandesa apontou que a nuvem de cinzas continuou diminuindo durante a noite e a madrugada. "A erupção é muito mais fraca do que no primeiro dia [sábado]", disse uma porta-voz da agência.
A autoridade finlandesa de aviação Finavia considerou que a densidade da nuvem era muito reduzida para atrapalhar o tráfego aéreo. A Noruega, afetada pelas cinzas na manhã de ontem, apenas registrou perturbações menores e voltou com as atividades normais desde a tarde.
Um voo de teste feito ontem de manhã, na Escócia, através de uma "zona vermelha" mostrou "a ausência de cinzas, o que confirma que não há nenhuma ameaça", segundo a companhia. Os aeroportos de Glasgow e Edimburgo foram afetados somente na noite de segunda-feira.
Com medo de um caos aéreo como o do ano passado, quando a erupção de outro vulcão islandês fechou o espaço aéreo de boa parte da Europa por quase um mês, as autoridades aéreas reiteraram que o espaço aéreo deve permanecer aberto.
Na época a medida foi considerada "exagerada" por muitas companhias aéreas. Desta vez, as autoridades não impuseram nenhuma decisão, e deixaram que cada companhia aérea decidisse por critério próprio, contanto que provem ter um "plano de emergência em caso de dificuldades".
O vulcão Grimsvotn, o mais ativo da Islândia, registrou no sábado passado a erupção inicial mais violenta dos últimos cem anos.
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