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      O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, retornou nesta segunda (21) ao país e está abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

      O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou nesta tarde que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, está na embaixada brasileira no país acompanhado de sua esposa, mas negou que o Brasil tenha oferecido asilo ao presidente. "Ele é o presidente legítimo", justificou. Amorim reiterou que o Brasil não esteve envolvido com o retorno físico do presidente deposto a Honduras.

      O ministro disse que recebeu a informação às 15:30, quando se comunicou com o encarregado de negócios do Brasil, em Tegucigalpa. "Falei pessoalmente com Zelaya e dei boas vindas ao território brasileiro (embaixada)", disse Amorim, em entrevista na sede da Missão do Brasil na ONU, em Nova York.

      Amorim conversou com o presidente Lula, que está voando para Nova York. Na sequencia, autorizado por Lula, Amorim entrou em contato com o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e pediu que o embaixador brasileiro fizesse contato com o governo norte-americano para que "não haja nenhum tipo de ameaça ao presidente Zelaya nem à embaixada do Brasil e aos nossos funcionários".

      Amorim disse que há manifestantes do governo de fato na frente da embaixada do Brasil no país. "Se a OEA não servir para garantir um governo democrático, para que servirá a OEA?", questionou Amorim. "O Brasil está pronto para ajudar no que for necessário", acrescentou.

      Chegada

      Amorim disse que Zelaya chegou a Honduras por "meios próprios e pacíficos". "O Brasil não teve nenhuma interferência na chegada" enfatizou. "O Brasil reitera a proposição de manter diálogo para encontrar saída pacífica para a situação." A saída, explicou Amorim, é levar Zelaya de volta ao poder em Honduras.

      Amorim disse ainda não saber por que Zelaya escolheu as vésperas dos debates da Assembleia Geral das Nações Unidas, que reunirá as autoridades de 192 países nesta quarta-feira na sede da ONU, em Nova York, para voltar. "O Brasil não planejou nada. Temos mantido situação de coerência que é a restituição ao poder de Zelaya, e queremos solução pacífica e rápida", disse.

      A autorização para Zelaya ir para a embaixada do Brasil veio de Brasília. Enquanto ligações eram feitas, o subsecretário para América Latina e do Sul, Enio Cordeiro, deu o aval, explicou o ministro.

      O ministro brasileiro afirmou que o Brasil não teve contato com as autoridades hondurenhas de fato, "porque não mantemos (relações)". Amorim acredita que o retorno de Zelaya ao país é "decorrência das medidas da comunidade internacional".

      Do lado do Brasil, as atitudes relacionadas a esta questão, avalia Amorim, têm sido de "posição firme e sóbria". "Em momento algum nos envolvemos em atitudes que não teriam resultados práticos e defendemos firmemente a volta do presidente Zelaya (ao poder)", acrescentou.

      Zelaya disse para Amorim que enfrentou uma "caminhada difícil por montanha". "Vim desarmado pacificamente", contou para o ministro brasileiro por telefone, direto da embaixada brasileira em Honduras.

      Chávez dá os parabéns

      O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, conversou por telefone com o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, que chegou à capital hondurenha Tegucigalpa e se refugiou na embaixada brasileira três meses após o golpe de Estado que o retirou do poder quando tentava alterar a Constituição.

      Durante um evento educacional transmitido ao vivo pela televisão estatal da Venezuela, Chávez atendeu de surpresa a uma chamada e disse que estava conversando com Zelaya. O presidente venezuelano animou seu aliado a continuar a batalha para retornar à presidência antes das eleições previstas para o fim de novembro.

      "Oi! Sim, é o Hugo, um abraço. Tudo bem, Zelaya?", disse o líder socialista. No entanto, pela televisão não foi possível escutar Zelaya do outro lado da linha.

      Chávez garantiu que participará nesta semana da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em meio à crescente tensão de seu governo com os EUA por diferenças sobre o golpe de Honduras, um acordo de cooperação militar com a Colômbia e o combate ao narcotráfico.

      "Estaremos lá (na ONU), levantando a voz por Honduras, pelo presidente, pelo povo de Honduras", disse Chávez.

      No entanto, o presidente de facto hondurenho, Roberto Micheletti, que assumiu após o golpe que derrubou Zelaya, garantiu que as informações sobre o suposto retorno de Zelaya são falsas e tem como objetivo causar instabilidade no empobrecido país na América Central.

      Segundo Chávez, seu aliado Zelaya teria viajado durante dois dias "por terra, cruzando montanhas, rios, arriscando sua vida" para conseguir chegar a Tegucigalpa.

      "Todos somos soldados seus Mel (Zelaya), e agora devemos fazer o que é devido neste momento. Parabéns, você realizou um ato heróico que ficará na história de Honduras e da América Latina, pela dignidade de seu povo", concluiu Chávez ao se despedir de Zelaya por telefone.

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