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Opinião do dia 2

A educação constrói o Paraná

O papel da educação na transformação social, econômica e cultural das cidades, estados e nações é indiscutível, em diversos aspectos. Em primeiro lugar, a educação forma os quadros técnicos e profissionais qualificados que a economia e a sociedade de­­man­­dam. A educação superior incide, neste caso, nas sociedades complexas.

No desenvolvimento científico, o en­­sino como um todo, mas sobretudo a for­­ma­­ção superior, desempenha papel fundamental, formando pesquisadores, mestres e doutores, que vão produzir novos conhecimentos. Se a ciência é fundamental para o desenvolvimento do país, o ensino superior, formador dos pesquisadores que fazem a ciência avançar, é a base de tudo.

O terceiro papel fundamental da educação é a formação intelectual, que vai prover lideranças políticas, artistas, formuladores capazes de forjar a identidade de uma nação ou de uma cidade. Há 97 anos, lideranças paranaenses do porte de Vítor Ferreira do Amaral e Nilo Cairo começaram a sonhar com uma instituição de ensino que fosse capaz de formar quadros intelectuais que seriam fundamentais para dirigir o estado, para consolidar uma elite política. Pensavam, naturalmente, numa elite que tivesse o mesmo espírito público que eles próprios.

Esses três momentos sintetizam o pa­­pel da educação numa sociedade: formação profissional, formação científica e formação intelectual. Mas há um componente que é menos evidente, mas não pode passar a margem: a formação cidadã.

Estudar em uma universidade pública forja o sentimento público por si só, produz um senso de responsabilidade e zelo pelo patrimônio público em diversos níveis, do mais comezinho cuidado com os livros da instituição até o cuidado com os recursos da União, oriundos de impostos.

Mas a formação cidadã vai mais longe, na UFPR. Um aluno bolsista de algum projeto de extensão da instituição sabe que é remunerado para exercer uma função so­­cial relevante, em áreas como saúde, ciên­­cias agrárias, artes, educação, dentre ou­­tras. Ele vivencia uma experiência que lhe permite devolver um pouco à sociedade o que o Estado investe na educação, mas também forma um caráter público. Um bolsista de iniciação científica en­­tende, além do que ele estuda, qual o p­­a­­pel da ciência para a sociedade, dois elementos que são indissociáveis: que co­­nhecimento produzimos e para que produzimos. Além disso, os cursos reforçam essa formação crítica, em relação às áreas específicas. Isso explica por que a UFPR formou boa parte dos quadros políticos do estado do Paraná, sejam aqueles que exercem cargos públicos, sejam os que fazem políticas em outras esferas, como associações, sindicatos, ONGs ou outros órgãos públicos.

Mas, além de tudo isso, os alunos da UFPR, assim como seus professores e técnicos administrativos, vivem um am­­bien­­te democrático de gestão do bem público. Desde o reitor, até os diretores de setor e chefes de departamento, bem como todos os membros dos conselhos superiores (órgãos colegiados que definem as políticas da UFPR) são eleitos. Além disso, os estudantes participam de todos os fóruns colegiados da universidade.

É um aprendizado democrático. Tudo isso torna o papel político da UFPR no es­­ta­­do muito relevante, não apenas forman­­do pessoas, mas também agindo diretamente nos grandes temas. Por isso, não poderíamos nos furtar de participar do movimento capitaneado pela OAB/PR: "O Paraná Que Queremos". Este Paraná do futuro carrega muito da UFPR, pela ma­­neira como a educação constrói o futuro das pessoas e da so­­ciedade, sendo gerado­­ra dos avanços e da prosperidade da nos­­sa comunidade.

Portanto, a posição da maior instituição pública de ensino, com um prédio his­­tórico que é referência em termos de mo­­vimentos cívicos, que atrai para si as principais cenas políticas da história do Para­­ná, a UFPR não poderia deixar de defender transparência nos gastos públicos, gestão consequente e responsável dos impostos pagos por todos, do patrimônio coletivo. Se em outros mo­­mentos, a universidade contribuiu para a consolidação das instituições democráticas, cabe a ela agora o mesmo papel, mais ainda às vésperas de fazer 100 anos.

São esses sonhos, idealizados pelos fundadores desta quase centenária instituição e em contínuo processo de realização pelas sucessivas gerações da comunidade da UFPR, que o movimento O Paraná que Que­­remos ajuda a consolidar. A UFPR apoia.

Zaki Akel Sobrinho é reitor da Universidade Federal do Paraná

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