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Com as eleições americanas se aproximando, o Black Lives Matter, movimento racial que vem incitando o ódio aos policiais no país, resolveu publicar suas “demandas”. Para aqueles que confundiam o movimento com algo efetivamente ligado aos negros, deve ter sido uma surpresa: a mensagem é ideológica e tem fortes cores vermelhas.

A primeira bandeira já nasce de um mito: pede o fim da “guerra contra os negros”, ou seja, da “criminalização” e “desumanização”, especialmente dos jovens negros. O BLM quer o fim da “tolerância zero” ao crime, a retirada de policiais das escolas, o fim do uso do histórico criminal para aceitação de subsídios de moradia e outros privilégios, o fim do policiamento ostensivo em áreas com negros etc.

Em outras palavras, o BLM não se importa com a elevada taxa de criminalidade das comunidades negras. Sua forma de combater o problema é fingindo que ele não existe e atacando a polícia. Não importa que mais de 90% das vítimas negras sejam mortas por outros negros. A solução para a febre é quebrar o termômetro, tirar a polícia da jogada, pois ela seria o grande vilão. Para acabar com o crime, basta acabar com o conceito de crime!

O BLM quer impostos progressivos para punir os mais ricos, o fim da privatização dos recursos naturais, sindicatos mais fortes etc. Trocando em miúdos, o movimento quer os Estados Unidos mais parecidos com o Brasil.

Além disso, o BLM quer “reparações” pelo colonialismo e a escravidão. Segundo a narrativa do grupo, é por isso que os negros sofrem até hoje em termos desproporcionais. Não importa que os negros americanos tenham uma qualidade de vida infinitamente melhor do que os africanos. Não importa que tenha sido o Ocidente a acabar com a escravidão, que continuou existindo na África. O importante é manter o discurso de vítima, e exigir renda mínima, cotas raciais etc.

Entre as “demandas” do movimento está o corte nos investimentos militares e nas multinacionais que utilizam combustível fóssil. Mas o que isso tem a ver com negros? Pois é: absolutamente nada! A agenda apenas usa a “raça” para impor sua visão ideológica de mundo, que tem no capitalismo seu grande alvo.

Isso fica mais claro ainda quando chega na área econômica. O BLM quer impostos progressivos para punir os mais ricos, o fim da privatização dos recursos naturais, sindicatos mais fortes etc. Trocando em miúdos, o movimento quer os Estados Unidos mais parecidos com o Brasil. Claro, sabemos como os negros em nosso país gozam de uma qualidade de vida melhor, não é mesmo?

A “democracia direta” também está na pauta deles. As comunidades devem controlar tudo, e até uma ideia como “orçamento participativo” está presente. O BLM poderia perguntar aos gaúchos como foi a experiência petista nessa linha. Ou poderiam perguntar aos brasileiros todos, já que o mesmo PT chegou ao poder em nível nacional e causou os mesmos estragos pelo país inteiro.

Por fim, o BLM quer “poder político”. Não estava evidente? Quer o fim da política controlada pelo dinheiro. Quer dizer: dinheiro dos outros, pois o movimento demanda recursos para as suas instituições.

Em suma, o documento com as tais “demandas” poderia ter sido assinado pelo PSOL. Os negros são apenas um pretexto: o objetivo é atacar a polícia, o capitalismo, o “sistema”, abolir a responsabilidade individual e pregar o socialismo em seu lugar. Posso até ver um Marcelo Freixo da vida endossando cada linha, apesar de sua cor.

O movimento que tem fomentado a tensão racial como pano de fundo para cuspir na polícia “racista” e, de tabela, no conceito de lei e ordem, decidiu tirar sua máscara de vez. Por trás dela jaz uma carranca vermelha, nada mais. Hugo Chávez aprovaria essas “demandas”; Martin Luther King Jr. não.

Rodrigo Constantino, economista e jornalista, é presidente do Conselho do Instituto Liberal.
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