Apressado em defender seu partido contra, segundo ele, “o mantra vazio dos pseudoluminares da nova direita”, numa réplica ao artigo de Cláudio Slaviero, ex-presidente da ACP, publicado em 18 de abril pela Gazeta, o deputado federal Enio Verri, presidente estadual do PT, nos faz lembrar das buzinadas do apresentador Chacrinha: “Eu não vim para explicar, vim para confundir”.

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Com agressividade e deselegância típicas de certa militância cega pela ideologia, o ilustre parlamentar tenta jogar os argumentos de Slaviero na mesma cova em que o PT enterra o país há 12 anos. E repete a postura típica dos militantes de esquerda, que se acreditam moralmente superiores a todos aqueles que não professam sua ideologia.

Verri diz que a corrupção no Brasil é histórica, endêmica e capilarizada. Está correto. Mas isso não quer dizer que não deva ser combatida de forma implacável onde estiver e de que modelo for, e que seus responsáveis sejam condenados pela Justiça. Se é verdadeira a tese de que a corrupção é histórica, endêmica e capilarizada no país, não é menor a verdade de que ela nunca foi praticada em dose cavalar como nesta dúzia de anos de governo petista, como se o PT fosse um formigueiro de agentes desta prática.

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Nunca a corrupção foi praticada em dose cavalar como nesta dúzia de anos de governo petista

Os níveis de corrupção nunca antes vistos na história deste país são resultado do aparelhamento da máquina estatal pelas forças do partido no poder, aparelhamento este voltado a um projeto de eternização no poder. Trata-se de um projeto ideológico característico do populismo que assola vários países da América Latina, cujo exemplo mais grave é a Venezuela, onde a degradação institucional atinge níveis alarmantes.

O deputado petista deveria, em vez de atacar ferozmente o empresariado, uma das principais forças motrizes deste país, preocupar-se com a ética, absolutamente proscrita da cartilha petista, que, às vésperas de eleições, aconselha seus filiados e candidatos a não relutar em buscar recursos, estejam onde estiverem, e que sejam incorporados da forma que for, legal ou ilegalmente. Não custa lembrar ainda que o próprio Enio Verri defendeu seu amigo André Vargas. Verri disse que, se pudesse, votaria pela absolvição do parlamentar londrinense e orientaria a bancada petista a fazer o mesmo.

Ele deveria se informar melhor sobre a digna participação dos empresários no Paraná: ao contrário do país, que perdeu 50.354 postos de trabalho no primeiro trimestre deste ano, o estado criou 25.678 empregos, sendo o segundo maior gerador de empregos no Brasil. Os empresários do estado e do país são responsáveis, sem proselitismo ou a hipocrisia de Verri, pela sustentação da economia, pelo desenvolvimento que gera empregos e distribui renda.

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Isso apesar da política econômica desastrosa adotada pelos petistas, que empurrou o país a ter 6,2% de desemprego em março, a maior taxa desde maio de 2011. O rendimento médio real dos trabalhadores em março teve queda de 2,8%, já descontados os efeitos da inflação, segundo o IBGE. As contas do governo bravamente defendido por Verri tiveram o pior resultado em um primeiro trimestre em 17 anos, com queda de 65,8%, sem falar no baixíssimo crescimento do PIB e nas altas taxas de juros.

Esse desastre econômico, que recai sobre todos os brasileiros com ímpeto avassalador e, da mesma forma, sobre os empreendedores, ironicamente desprezados e acusados pelo deputado petista, se dá paralelamente a uma onda de revelações de corrupção em todos os níveis de seu partido e na máquina governamental, feitas pela imprensa que o parlamentar e seus companheiros chamam de “mídia golpista”.

Não é a mídia que é golpista. Não é a classe empresarial que é hipócrita e corrupta. O deputado deveria, sim, olhar o seu quintal: o quintal do seu partido.

Edson José Ramon, empresário e presidente do Instituto Democracia e Liberdade, é ex-presidente da Associação Comercial do Paraná.