Em alguns momentos produzimos exposição extrema nas redes sociais. Desejamos mostrar o que somos e fazemos. Em outros momentos nos assustamos com o comércio (claramente irregular) de dados pessoais e nos revoltamos com os que fazem disso um negócio. Apesar das controvérsias sobre a venda de tudo e de todos, essas informações continuam a ser principalmente autoproduzidas.
O mundo dos negócios aperfeiçoa espontaneamente, e há séculos, a lei da oferta e procura. A principal consequência dessa lei é a determinação de valor. Quem vende está sempre em busca de diferencial competitivo, criando novidades para se destacar na multidão com novos produtos, novos serviços ou novas formas de chegar aos consumidores. Ao longo da história, o comércio vem se moldando à evolução sobre tudo e sobre todos. O comércio mudou enormemente nos últimos dez anos. Alguns dos produtos mais consumidos de hoje simplesmente não existiam em 2005 e, consequentemente, há formas de se produzir, negociar, comunicar e transportar esses produtos que também são novas.
As únicas maneiras de conter o comércio de informações são parando de produzi-las ou parando de buscar informação
A tecnologia tem sido cada vez mais impactante na oferta de produtos e serviços. Com isso, a comunicação e a disponibilidade de acesso à informação têm influenciado enormemente o modelo mental do comprador. Tudo passa por uma pesquisa prévia para encontrar um fornecedor, pela “degustação” da experiência de outras pessoas e pela possibilidade de compra on-line.
O acesso à informação é uma conquista sem volta. Todos a desejamos. Quem quer vender precisa de informação. Quem quer comprar precisa de informação. Se há quem precisa de informação, é inevitável que alguém entenda isso como uma oportunidade de negócio e comece a ofertar informação como produto/serviço, mesmo que haja um inevitável conflito de modelos. As leis que tudo regem são do século passado – inclusive o direito à privacidade. As formas como tornamos disponíveis as informações são recentes; aliás, elas mudam constantemente. A origem das leis e o acesso às informações são distantes. Entre eles estão os valores e princípios das pessoas, que também passam por conflitos de gerações.
Se excluídas as exceções e aberrações, a verdade é que as informações das pessoas são realmente utilizadas para viabilizar negócio. E não é de hoje. Apesar das discussões sobre o direito à privacidade, a comercialização de informações não vai parar. Um site específico, como o Tudo Sobre Todos, será excluído e outros mil serão criados com alguma variação em outro lugar.
As únicas maneiras de conter o comércio de informações são parando de produzi-las ou parando de buscá-las. As duas hipóteses são praticamente impossíveis. O cidadão normal está sempre produzindo informação e precisando de informação. Uma simples pesquisa para a compra de um sapato gera uma informação (cookie) para a rede social, que trará propaganda de sites de compras com os produtos similares recém-pesquisados. Até aí parece uma simples “adivinhação” ou uma facilidade para as pesquisas. Muitos até gostam. Mas isso também é invasão de privacidade.
A busca por informação continuará polêmica. Tudo sobre tudo e todos está cada vez mais disponível para pesquisa ou à venda em serviços especializados. Resta-nos atualizar os nossos cuidados. Sorria, você esta sendo registrado.
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