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Os Jogos Olímpicos Rio 2016 chamaram a atenção para um problema que existe no mundo todo: a necessidade de que um país que se propõe a ser uma potência olímpica tenha um laboratório para realização dos exames de controle em uma política antidoping.

As técnicas utilizadas habitualmente para esses testes envolvem o uso de análises por ensaios imunológicos e por espectrometria gasosa, que são muito caras e demandam investimentos constantes. Além disso, a coleta e a preservação das amostras de sangue e urina precisam de complexas estruturas de controle e transporte.

O teste do cabelo tem uma janela de detecção ampla, podendo chegar a três meses após o uso das substâncias

Talvez seja tempo de se discutir a oportunidade da utilização de uma tecnologia que já existe e que tem, entre outras vantagens, a de já ser aceita e ter validade em cortes de Justiça em todo o mundo. Trata-se da pesquisa da utilização de substâncias químicas pelos indivíduos pelo teste de amostras de cabelos e pelos corporais.

Em 2013, sir Craig Reedie, da Agência Mundial Antidoping, anunciou que um fundo de 6 milhões de libras esterlinas foi destinado pelo Comitê Olímpico Internacional para o desenvolvimento de novos testes para pesquisa de drogas proibidas em atletas. Ele ressaltou, em entrevista à BBC, que a facilidade de coleta e transporte das amostras faz do teste do cabelo uma alternativa interessante para o controle antidoping.

Um projeto piloto foi realizado na Austrália e a principal liga de futebol do país passou a realizar o teste do cabelo, que tem uma janela de detecção ampla, podendo chegar a três meses após o uso das substâncias pelo atleta. Os resultados mostraram o tamanho do problema do uso de drogas por atletas, que são reconhecidos por todas as sociedades como exemplos e modelos de saúde.

É preciso discutir como podemos criar programas de prevenção do uso de drogas, já que a dependência química é uma doença e deve ser encarada pelo ponto de vista de saúde pública. Portanto, devemos debater tecnicamente a possibilidade de incluir os exames de ampla janela e os testes do cabelo na política de antidopagem, que se propõe a ser mais um dos legados olímpicos no Brasil.

Luis Fernando Correia é clínico geral e integrante do Conselho Consultivo do Instituto de Tecnologias para o Trânsito Seguro (ITTS).
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