Se você quer ser famoso, esqueça o Big Brother e vá cursar Ciências Sociais. Parte da imprensa do país agora acredita que sociólogos e afins são entes superiores de razão ou oráculos da vida moderna. Alguém precisa avisar Tatá Werneck que há um caminho mais curto para Valdirene chegar ao estrelato.

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De preço de ingressos na Copa às UPPs, do Bolsa Família até o sumiço do Amarildo, da condenação de mensaleiros até meia dúzia de peitos caídos na praia, é ligar a tevê e ver um cientista social ou historiador dando ares supostamente científicos à má poesia engajada dos candidatos a Bertold Brecht que, como poetas de esquerda, não superam nem Tarso Genro.

Faço um convite aos analistas de rolezinhos: se você ainda não foi, vá a um shopping center num bairro de periferia e surpreenda-se ao descobrir que são locais iguais aos que você conhece e que são frequentados por, veja você, moradores da periferia. Se você diz na imprensa que impedir 6 mil adolescentes de invadir um shopping ao mesmo tempo em Itaquera, no ponto extremo da Zona Leste de São Paulo, é "discriminação", está simplesmente mentindo. E não é uma mentira qualquer.

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Se houvesse uma preocupação legítima com a "inclusão" desses jovens, que melhor exemplo no país do que os shoppings? Em seus espaços privados, eles abrem as portas gratuitamente para a população ter opções de lazer, alimentação e consumo totalmente voluntários, num ambiente seguro, confortável, livre e democrático. Já os governos que obrigam esses mesmos cidadãos a trabalhar até cinco meses do ano apenas para pagar impostos são incapazes de dar algo remotamente parecido.

E a quem interessa transformar um evento que seria naturalmente descartado com o tempo pelos próprios jovens em passe livre para arrastão, vandalismo e saques ao som de palavras de ordem? Se há crime, nesse caso de lenocínio ideológico, de cafetinagem sociológica, é preciso identificar os proxenetas do rolezinho alheio.

Política é feita de narrativas e a esquerda viu no rolezinho uma oportunidade de criar má poesia ou sociologia de pé-quebrado com eles, vendo em jovens que frequentaram shoppings a vida inteira supostos excluídos que não poderiam entrar nestes mesmos shoppings, na tentativa de fabricar factoides para proselitismo político em ano eleitoral. Segundo uma pesquisa recente, 71% dos paulistanos são contra os rolezinhos e, apesar da tentativa de doutrinação sistemática nos meios de comunicação, o eleitor ainda não comprou a cascata.

As manifestações do ano passado pegaram a esquerda de surpresa, sem uma narrativa pronta para vender aos vassalos de sempre na academia e na imprensa, mas os rolezinhos forneceram um material dramático melhor aos roteiristas partidários. Se 6 mil jovens não podem entrar num shopping ao mesmo tempo, gritam "preconceito!" e energizam a combalida militância pós-mensaleira, tão desesperada em busca de um discurso para chamar de seu.

O Brasil teria neste ano uma oportunidade histórica de apear do poder a esquerda e suas narrativas orwellianas, mas infelizmente ainda não há o que colocar no lugar. Caso consigam mais quatro anos, que esse tempo seja usado diligentemente pela sociedade para a construção de uma real e sólida alternativa política para que o Brasil deixe de fazer apenas rolezinho entre as nações mais desenvolvidas do mundo.

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Alexandre Borges, publicitário, é diretor do Instituto Liberal.

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