No dia 6 de janeiro celebra-se a Epifania, ou a manifestação de Cristo aos três magos que primeiro reconheceram a sua divindade, também chamada de “dia de Reis”. Contam os evangelhos que os magos, considerados representantes dos povos da Ásia, África e Europa, perseguiram uma estrela no céu que os guiava para o encontro com o recém-nascido Jesus Cristo.
Seus nomes eram Melchior, Baltasar e Gaspar. Para o padre Antônio Vieira, os magos eram astrônomos e, por isso, foram cativados por uma estrela brilhante no céu. Estavam convictos de que se tratava do sinal que representava o nascimento de um novo rei.
Por isso, chegando à região da Palestina, foram a Jerusalém perguntar ao rei Herodes se tinha conhecimento do nascimento de um novo rei. Surpreendentemente, a estrela teria deixado de brilhar assim que adentraram Jerusalém. Perguntado a respeito do novo rei, Herodes afirmou que não sabia de nada, mas solicitou aos magos que retornassem com o novo rei, se o encontrassem, para que Herodes, ele próprio, e todo o povo pudessem adorá-lo.
No reino havia, de um lado, um rei mesquinho vivendo em um palácio; de outro, uma família com muito amor vivendo em um estábulo
Logo que saíram de Jerusalém, de volta para a estrada, os magos notaram que a estrela brilhante tinha voltado ao céu. Seguiram viagem até chegar ao estábulo onde encontraram Jesus Cristo. A ele presentearam com ouro, incenso e mirra.
A estrela apontou para um rei que não estava na grande cidade, e sim na periferia, em Belém. Na verdade, José, Maria e Jesus não puderam se estabelecer em Belém, que estava lotada. Literalmente sem-teto, tiveram de ficar em um estábulo emprestado.
Depois de encontrarem o rei, os magos não retornaram ao rei Herodes. Tomaram outro caminho de volta, desobedecendo a determinação anterior. Fizeram a opção pelo novo rei e perceberam a malícia de Herodes.
A despeito de sua origem, o cristianismo, desde que foi incorporado pelo império que durante muito tempo o perseguiu, tem sido dominado por discursos de enriquecimento e poder, que o aproximam da imagem de Herodes. Em outros casos, o discurso é de apego à pobreza, como forma de se aproximar da imagem de Cristo.
Independentemente de se ter fé na divindade de Cristo, a verdade é que a epifania foi uma revelação da desigualdade: no reino havia, de um lado, um rei mesquinho vivendo em um palácio; de outro, uma família com muito amor vivendo em um estábulo. Essa desigualdade provocou uma indignação tão forte nos magos que os transformou. Depois da revelação seguiram seu caminho, desviando de Herodes. Na vida simples da família de Cristo, os magos preferiram deixar seus presentes e os votos de que o amor pudesse vencer os mesquinhos.
Talvez possamos ser como os “reis magos”: indignando-nos com a desigualdade, desprezando o poder ilegítimo e transformando-nos com o amor. Por fim, desviando-nos do caminho de Herodes.
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