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Bom cidadão e excelente funcionário, o presidente da República declarou que durante a próxima campanha eleitoral dará expediente duplo e legal: de segunda a sexta-feira será presidente da República; sábados, domingos, feriados e dias santificados será cabo eleitoral de sua candidata e dos demais candidatos afins, seus aliados.

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A lei é lei, ele pode fazer isso. O outro candidato, José Serra, certamente fará o mesmo, cumprirá seu expediente de governador durante a semana e descansará no sétimo dia, quer dizer, nos sábados e domingos será apenas candidato.

Não é só no Brasil que vigora a reeleição. Mas não deixa de ser uma desvantagem da democracia representativa, dando a um pretendente ao poder uma chance que não pode ser dada aos demais.

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No caso de Lula, ele já vem acumulando as funções de presidente e cabo eleitoral com apetite igual. Outro dia, em crônica anterior, lembrei a hipótese de uma renúncia aos poucos meses de mandato que ainda lhe resta. Em nenhum momento acreditei que ele fosse aderir à minha ideia, o que é pena. Renunciando à Presidência, ele poderia dar expediente completo e diário às suas nobres funções de cabo eleitoral de segunda a segunda – e ninguém poderia acusá-lo de exorbitância: como simples cidadão ele tem o direito de cabalar votos para quem quiser.

Acontece que dedicando os fins de semana à função de cabo eleitoral, ele carregará para onde for, para o palanque em que subir, a majestade e o poder de sua outra função. Para todos os efeitos, a menos que renuncie aos meses que lhe resta como presidente, ele será o chefe da nação e do estado. É um peso suplementar que desequilibrará a igualdade de condições que seria desejável numa eleição presidencial.

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