A cada ano fico mais convicto da beleza do Natal. Apesar da correria própria dos finais de ano, o Natal não perdeu em nada seu brilho e seu sentido. Ao contemplarmos um presépio, as estrelas, o colorido, as luzes, e todos os enfeites próprios desta época, somos como que tomados por um encantamento, um sentimento muito diferente de outras épocas do ano. É um encantamento que leva a reflexão mais profunda e verdadeira que brota do interior da nossa alma: no Natal relembramos que Deus está no meio de nós! E não se trata de uma presença moralista, impositiva, justiceira ou formal. Nosso Deus quebra os grilhões de nosso orgulho, nos derruba do pedestal da nossa superioridade e se apresenta como criança: um menino nascido numa manjedoura, com tanta simplicidade que nos deixa escandalizados.

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Como podemos assimilar tamanho mistério? Um Deus encarnado, arraigado e apaixonado pela humanidade que criou, tornando-se um de nós! O presépio pode ser um símbolo para relembrarmos desse momento extasiante acontecido na história. Mas ele pode ser também uma chave de leitura para a nossa própria vida.

Com certeza, celebrar o Natal é reviver um pouco da correria de José tentando encontrar um lugar para que Jesus pudesse nascer. É a nossa mesma correria tentando nos encontrar diante de Deus, pedindo sua proteção nas noites escuras da vida.

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Celebrar o Natal é sentir o abraço terno e carinhoso de Nossa Senhora envolvendo o menino em faixas e aquecendo-o no seu seio. É o mesmo abraço reconciliador que se estende até os nossos dias, quando no final do ano queremos, de alguma forma, resolver nossas desavenças, perdoar a quem nos ofendeu e trazer para dentro de nossa casa o aconchego que no mundo afora não estamos mais encontrando. Maria e José representam todos aqueles casais que querem ser felizes e acreditam na importância da família doando seu suor e sangue pelo bem e felicidade dos filhos. A cena do presépio se torna realidade quando contemplamos os pobres que também sonham por dias melhores e esperam oportunidades para crescerem na vida sendo mais valorizados.

O Natal é completo porque nos remete ao que há de mais puro e simples: acreditar na vida. O Natal é reviver memórias tristes, alegres, saudosas e deixar aflorar emocionantes versículos da história das pessoas que passaram por nós. Eu e você, todos nós, o mundo inteiro, precisamos viver o Natal. É impossível sobreviver sem amar e celebrar a vida. Hoje é dia de celebrar a vida duplamente: O nascer do nosso Deus para que nós nasçamos n’Ele.

E, cantemos juntos como no responsório de nossa oração: "Hoje, a paz verdadeira desceu-nos do céu: hoje, os céus e a terra espalham doçura. Raiou hoje o dia do novo resgate de eterna alegria há muito esperado". Acredite na vida e celebre o Natal!

Ricardo Hoepers é sacerdote.