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À margem do episódio policial que fez duas mortes, o cartunista Glauco e seu filho, assassinados por um cara desequilibrado, já é hora de examinar fundamente o que é, o que pretende a seita conhecida como Santo Daime. Ramal de alguma das religiões? Alternativa espiritual para melhorar os seus seguidores? Modismo para chamar a atenção dos outros para si mesmo e para seus problemas?

Não sou entendido no assunto nem pretendo me especializar nisso. Conheço dois depoimentos que considero sérios sobre o Daime: o primeiro, da atriz Maitê Proença, que experimentou o tal chá de ervas amazônicas que produzem efeitos alucinógenos, mas provocam náuseas, diarreia e outros derivados. O segundo é o de Otavio Frias Filho, em seu livro Queda Livre, coletânea em que o autor experimentou diversas modalidades de risco, desde o uso do para-quedas à peregrinação ao santuário de Compostela, passando por uma incursão à Vila do Mapiá, onde "uma comunidade de místicos adeptos de uma seita nativa no Acre – o Santo Daime – encontrou sua Terra Prometida".

"Em tudo semelhante a tantas outras seitas tributárias do cristianismo popular, o Santo Daime se distingue por seu principal sacramento, a ingestão de uma bebida feita à base de duas plantas amazônicas e capaz de induzir a estados de percepção psicológica alterada".

Em princípio, o Daime seria uma droga como outra qualquer, revestida de um caráter religioso que as outras drogas no mercado dispensam, como o LSD, a maconha, a coca, o crack. Mas o efeito é semelhante. Leva a práticas que podem desaguar num comportamento social também alterado, como o do assassino do cartunista, que, em princípio, usava o Daime para curar exatamente o consumo de droga.

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