O clássico de ficção científica Um Cântico para Leibowitz acompanha uma ordem religiosa fictícia desde pouco após um apocalipse nuclear (o livro é de 1960) a milênios depois, passando por todos os períodos de reconstrução, auge e decadência de uma sociedade. Na época do lançamento, as cenas da sociedade futura tremendamente decadente em que as pessoas buscavam voluntariamente a eutanásia causaram espécie. Já na vida real, estamos quase lá. Esta semana, o bravo governo guatemalteco conseguiu expulsar de suas águas um barco pertencente a uma organização abortista que se dedica a matar bebês mundo afora.
A morte não é uma libertação. Nem a própria, como na eutanásia buscada pelos personagens do livro, nem a de outrem, como a do filho que as mães que procuram o barco assassino querem eliminar.
É nosso dever preservar as riquezas do Ocidente para que ele renasça
Nossa sociedade, decadente até a medula, dedica-se aos prazeres como se o mundo fosse acabar amanhã, num frenesi que só faz aumentar no carnaval, enquanto foge das responsabilidades o quanto puder. No carnaval, distribuem-se aos bêbados camisinhas e lubrificantes genitais às mancheias, enquanto uma barraquinha perdida lá no meio conduz testes de HIV e se surpreende com a quantidade de casos positivos. Em muitas cidades do Brasil, andar sozinha no carnaval sem ser agarrada e beijada à força é quase impossível para uma moça sozinha.
Esta busca frenética do prazer sensível, em detrimento da própria razão e da ordem natural da sociedade, indica que estamos num alto grau de decadência. A busca voluntária da morte de modo social é a próxima etapa. É o que já vemos com os movimentos pró-aborto, e em breve veremos com movimentos pela eutanásia e suicídio assistido. A Holanda, onde um amigo meu dizia que o capeta faz test-drive, já está matando tantos idosos que se tornou comum entre os cidadãos mais velhos buscar tratamento médico na Alemanha, para evitar ser morto pelos médicos.
Não há o que se possa fazer para reverter o processo de decadência; só o que se pode é esperar que o que virá seja melhor, e que nossos filhos e netos consigam erigir alguma coisa decente sobre as ruínas da nossa civilização. Para isso, é fundamental que ajamos sempre tendo em vista o bem comum e, especialmente, o bem das futuras gerações. Devemos, cada um de nós, procurar preservar uma parcela do grandioso construto que foi um dia a civilização ocidental, para que isso possa ser resgatado daqui a algumas gerações. Aqui no Brasil estamos na periferia, nos subúrbios desta civilização. Exatamente por isso, sua decadência aqui não tem um alcance tão forte; temos feministas gritando pelo aborto, mas ele continua praticamente proibido. É nosso dever preservar as riquezas do Ocidente para que ele renasça.