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Carlos Ramalhete

Do cuidado dos maridos

Homem é um bicho muito simples e fácil de cuidar. A única coisa que ele não faz, todavia, é mudar. E rara (se é que existe) é a mulher que não quer mudar o marido. Ela escolheu, seduziu, carregou pela ponta do nariz o simplório ao altar...; era para ela estar satisfeita.

Mas não. Ela sempre quer mudar o marido, fazer dele outra coisa que não aquele ser peludo com o qual ela se casou. Ora, isso é impossível. Se tomarmos um menininho de seus 3 ou 4 anos já podemos ver nele o homem que ele será. As manias, os interesses – ainda que em forma menos refinada, e bem mais barata: carrinhos de brinquedo acabam sempre por ceder a vez aos de verdade! –, as birras e medos ocultos, tudo já está ali.

E com isso se perde de vista a facilidade que é o trato de um marido. Pouco é realmente necessário: basta, como com qualquer animalzinho amoroso, alimentá-lo e fazer-lhe cafuné, além, evidentemente, dos necessários encontros conjugais. Uma ou duas vezes por semana cai bem elogiá-lo, demonstrando interesse pelos assuntos que mais o atraem; nada complicado. Banho e tosa não são tão necessários, mas jamais devem ser terceirizados: que se lhe dê um barbeador, e de vez em quando um banho conjunto para alegrá-lo ainda mais, e o problema está resolvido.

Sem a expectativa insana de transformá-lo em outra coisa, é praticamente garantida a satisfação da proprietária de tão sagaz mascote. Ele há de trabalhar feliz, ganhar dinheiro, proteger a família, levar o lixo para fora e cumprir com todos os seus deveres, orgulhoso e pimpão por ser amado por tão bela mulher. Sendo ele mesmo, sendo cuidado por quem o ama e, em troca, cuidando da família com a dedicação que só um marido apaixonado poderia ter.

Vale notar, contudo, que o marido é um animal sumamente educável. Poderíamos compará-lo a um jardim: todo jardim pode e deve ser podado, regado, tratado de forma a dar o seu melhor. E é isso que compete à esposa: sem ela, o marido dificilmente seria tão bom quanto pode ser. O que não dá para fazer é esperar que os cuidados cotidianos, o adestramento para que ele não deixe a toalha molhada em cima da cama e outras minúcias da vida de casal, encetem uma transformação. Seria como se queixar porque a grama ainda cresce, mesmo tendo sido aparada por anos.

A civilização é uma conquista primordialmente da mulher. E a ela cabe a tarefa de civilizar aqueles de quem ela tem o encargo, seja o marido, sejam os filhos. Como quem cuida de um jardim, não como quem demole para construir outra coisa no lugar.

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