Quando o socialismo real dominava grande parte do mundo, as histórias de fuga para o mundo livre, bem como os relatos de viagem pelo dito Segundo Mundo, por trás da Cortina de Ferro, tornaram-se gêneros literários comuns. O que mais chamava a atenção nos livros era a preponderância da mentira. A vida nos países comunistas era composta de mentiras tecidas a outras mentiras, numa teia complexíssima que apenas os nativos conseguiam navegar – nem sempre com sucesso, aliás.
Era comum que o viajante abrisse uma torneira e não tivesse água, por exemplo, sem que isso afetasse em nada a declaração peremptória do gerente do hotel de que nunca faltava água ali. A realidade não importava: da torneira do hotel à produção fabril ou agrícola, tudo era mentira, e a mentira era tudo o que se podia enunciar.
A Cortina de Ferro caiu, mas o mundo de fantasia dos países comunistas só trocou de endereço. A esquerda do Primeiro Mundo vem se dedicando a pregar insistentemente a mentira no Ocidente, sob formas ainda mais delirantes que as que ela tomava sob a bandeira da foice e do martelo. No Terceiro Mundo, como sempre, o bestialógico do Primeiro é importado sob a forma de dogma oficial indiscutível imposto pelos tribunais, políticos e grande mídia.
A Cortina de Ferro caiu, mas o mundo de fantasia dos países comunistas só trocou de endereço
A mentira mais atual é a negação delirante do masculino e do feminino, as formas mais básicas e elementares da vida sexuada. No mentiroso discurso oficial, os sexos foram substituídos por “gêneros” (uma categoria gramatical, não biológica), compostos por uma mistura incoerente de preferências eróticas, sexo da autoimagem e aparência física. Um homem que se vista de mulher se torna, mágica e mentirosamente, uma “mulher transgênero”, e ai de quem o tratar como o homem que ele evidentemente nunca deixou de ser. No momento, não importa sua preferência erótica: ele pode ser uma “mulher transgênero lésbica”, por que não? Na verdade, muitas vezes não é nem sequer necessário que ele se disfarce de mulher. Enquanto isso, um outro sujeito que se sinta atraído eroticamente por homens também deixaria de pertencer ao gênero masculino – ou, na linguagem mentirosa da moda, deixaria de ser “homem cis”, aparentemente a sigla de “Cansado de Invencionices Sexuais”.
Na verdade, não importa o que alguém faça, deseje ou como se vista: o que importa é turvar as águas, é substituir a verdade evidente pela mentira elaborada.
As mentiras de trás da Cortina de Ferro visavam justificar uma estrutura de poder ineficiente, mascarando pela força bruta seus erros e seus absurdos. As atuais visam destruir a sociedade e assim enfraquecer os mais frágeis. Hoje os travestis já podem bater em mulheres, por exemplo: afinal, a mentira em vigor é que eles seriam mulheres como elas...
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