Civilizações têm como que uma data de validade, passando sempre pelas mesmas fases até ser substituídas por outras. Algumas duram milhares de anos; outras, centenas. Durou excepcionalmente pouco a que agora chega ao fim, sem que nos seja mais possível saber o que vem pela frente que era a um romano antever a Idade Média. Podemos traçar o seu início nas Revoluções Americana e Francesa, iniciando quase ao mesmo tempo, de ambos os lados do novo Mare Nostrum – o Atlântico – um novo tipo de sociedade. As diferentes versões desta sociedade mercantil, ideológica e impessoal chegaram ao auge no século passado, provocando morticínios em massa em proporções inéditas.
Bolivarianismos, “gêneros”, racismos cotistas e demais absurdos são apenas os sintomas de uma decadência terminal
Pessoalmente, atribuo a curtíssima duração desta Civilização das Luzes ao fato de ela não ter surgido como desenvolvimento orgânico de sociedades anteriores, mas, ao contrário, ter sido desde o princípio uma espécie de parasita da sociedade cristã ocidental que a antecedeu e lhe proporcionou os meios básicos de sobrevivência. Em outras palavras, ela durou enquanto não conseguiu destruir completamente a sociedade que teoricamente veio a suplantar, e é exatamente o seu sucesso no Hemisfério Norte que a faz desaparecer. É a sina dos parasitas demasiadamente eficazes na exploração do hospedeiro.
Os países periféricos, como costuma ser o caso nas decadências, estamos mais protegidos. A sociedade brasileira – como a indiana e, em menor medida, o que resta da chinesa – conserva ainda princípios sociais que asseguraram a sobrevida da sociedade das Luzes como o mercado negro impediu que morressem de fome todas as vítimas do comunismo. Ninguém aqui toma a lei positiva por moralidade, e praticamente não há quem tenha fé no princípio da impessoalidade. Ao mesmo tempo, somos tão viciados nos frutos envenenados desta árvore moribunda quanto os habitantes do Ocidente propriamente dito. Nosso dinheiro também é meramente fiduciário – e quem tem fé no nosso governo?! –, dependemos de eletricidade e petróleo como um viciado da droga, perdemos tempo com elaborados rituais de cidadania vazia, com partidos que na verdade nada representam, cargos eletivos cuja descrição em nada corresponde à realidade, e por aí vai. Há o que cair, em suma. Não estamos totalmente imunes ao caos, apesar de estarmos numa situação objetivamente melhor que a dos europeus ou americanos. Bolivarianismos, “gêneros”, racismos cotistas e demais absurdos são apenas os sintomas de uma decadência terminal.
Nossa missão de periféricos, isolados do pior da decadência, é em muito semelhante à dos irlandeses na queda de Roma, conservando a cultura que depois repolinizou a Europa continental, ou ainda a Macedônia na decadência grega. Visemos o que virá a seguir.
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