Alguns milhares de haitianos conseguiram a duras penas, pagando caro e sofrendo muito, entrar no Brasil. Nosso país ganhou visibilidade na terra deles devido à presença das tropas brasileiras desde 2004, impedindo uma guerra civil, oferecendo algum auxílio e, principalmente, lembrando que o Brasil existe e é rico.

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O Haiti, por outro lado, é o país mais pobre do hemisfério. Para vir de lá para o Brasil, os imigrantes pagam milhares de dólares a atravessadores e arriscam a vida na floresta até alcançar o Acre. Para piorar a situação, o Peru está criando dificuldades para os imigrantes atravessarem seu território. Quem vem, portanto, não são os preguiçosos e os acomodados. Ao contrário: quem chega aqui já deu fartíssima demonstração de ter espírito empreendedor, de ter capacidade de sobrevivência e de iniciativa acima da média.

Nosso governo federal, como sempre, já piorou a situação, exigindo que doravante os haitianos obtenham um papelucho burocrático no consulado brasileiro antes de arriscar a vida em busca de oportunidade de trabalho e vida ordeira. Mas, imagino, isso há de ser letra morta: quem arrisca tanto para vir o fará do mesmo jeito com ou sem os carimbos dos burocratas. O problema maior, por enquanto, é a concentração dos novos imigrantes em algumas pequenas cidades de fronteira, esperando documentos. Gente que, espalhada pelo país, já estaria trabalhando e vivendo normalmente se vê forçada a esperar que a burocracia reconheça-os como os seres humanos capazes que são.

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Trata-se de um tesouro inimaginável para nosso país: milhares de pessoas acostumadas a sobreviver e prosperar (pois não é barata a viagem!) em condições mais difíceis que as de qualquer favela brasileira, pessoas corajosas e com iniciativa, vindo para o Brasil para trabalhar e crescer conosco.

Muitos desses imigrantes, em breve, irão se casar com os filhos e netos de outras levas de gente empreendedora: italianos, japoneses, polacos e chineses que ajudaram, e ajudam, a construir o Brasil. Eles e seus filhos serão brasileiros como nós.

Caberia ao governo não criar obstáculos, mas, ao contrário, emitir em tempo recorde quaisquer documentos que os burocratas creiam necessários e deixa-los se espalhar pelo país e se misturar ao resto da população.

Com os haitianos, chega ao Brasil mais força de crescimento, chega sangue novo para aumentar ainda mais o já admirável espírito empreendedor da nossa população, que continua trabalhando mesmo quando o governo não quer deixar.

Sejam bem-vindos!

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