A sigla COP sugere poder de polícia (cop é "tira" em inglês), mas é exatamente o que eles nunca terão. São acordos de nada sobre nada

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Regente Feijó extinguiu o tráfico negreiro em 1831, cedendo a pressões dos ingleses. A lei não pegou por mais de 20 anos, criando a expressão "para inglês ver". Levou um século inteiro para o resto do mundo descobrir essa invenção brasileira, mas esta sequência de COPs (conferência da ONU sobre mudanças climáticas) superou o criador.

COPs nunca funcionarão porque andam a consenso. Em uma casa, isso equivaleria ao Pedrinho não fazer a lição de casa porque "não há consenso em relação a esta questão". Ontem os países-ilha tentaram acabar com o consenso na COP. Não conseguiram consenso para isso também.

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A sigla COP sugere poder de polícia (cop é "tira" em inglês), mas é exatamente o que eles nunca terão. São acordos de nada sobre nada. Pensa-se em um mecanismo de pagar para quem conserve florestas (REDD), mas ninguém quer pagar a conta. Pensa-se em limitar a emissão de CO2, mas também não há consenso para isso.

Mesmo que se acabe com o consenso, as decisões tiradas ali não valem de nada. Não há punição se não forem cumpridas. Eu costumava dizer que a OMC era o único órgão com alguma governança mundial, pelo seu poder de aplicar sanções. O fracasso da rodada Doha mostra que nem esse pedaço de governança mundial nós temos.

Uma família funcional raciocinaria com o bom senso de obrigar quem mais colocou carbono na atmosfera até hoje a arcar com o principal da conta e aproveitar a tecnologia e know-how gerados com isso para criar tecnologias baratas para nos tirar dessa enrascada, enquanto o petróleo que ainda existe seria usado para manter a aviação funcionando e para trazer energia para países insulares. Mas o que fazer se é o próprio Pedrinho que está dando as cartas?

As COPs apelam para duas forças humanas poderosas: preguiça e soberba. Preguiça porque o grande público nutre a ilusão de que "eles" irão resolver alguma coisa nesta coleção de 16 destinações turísticas (e contando). Soberba porque é muito bonito em nosso meio dizer: "Na última COP, vi isso e aquilo, blá blá blá".

Se muitas empresas estão fazendo uma contabilidade precisa para neutralizar seus balanços de carbono, "eles" precisam fazer isso também. Não me venham com a balela de que algumas árvores plantadas (que seriam plantadas de toda forma) absorvendo em 20 anos o carbono emitido em uma semana para refrigerar alguns anfiteatros está pagando tudo. A partir do momento que saem de casa, os participantes estão emitindo carbono.

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As COPs possuem uma dívida em carbono com a humanidade que está longe de ser paga e que também continua contando.

Veja em meu blog http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/ um gráfico interessante sobre COPs e seus resultados.