A eletricidade é maravilhosa, mas a grande disponibilidade de luz é um problema. Escrevo esta coluna em uma hora da madrugada em que animais sem visão noturna deveriam estar dormindo.Iluminar a noite não é um problema só para a fisiologia humana. Como muitas espécies dependem do escuro noturno para dormir ou se orientar, o avanço de nossas luzes vai bagunçando o mundo também neste aspecto. O caso mais conhecido é o das espécies de praia, que usam uma luminosidade remanescente no mar para se orientar. Com o continente ficando mais claro, elas se dirigem para a terra ao invés do mar.
Hotéis adoram iluminar a orla marítima. Nos locais com desova de tartarugas, ao invés das tartaruguinhas nadarem para o mar, elas viram comida de cachorro em terra. Plataformas marítimas também causam grande dano para espécies migratórias, que perdem sua orientação por causa das luzes. Neste caso o dano é aumentado pelo isolamento dessas plataformas em meio à escuridão. No Mar do Norte, a Shell mudou a iluminação de suas plataformas de petróleo e conseguiu reduzir o impacto nas aves migratórias. No Canadá o governo tem convencido empresários a desligarem a iluminação dos prédios em época de migração de aves. Desconheço iniciativa parecida em nossas águas e terras.
Nas cidades não há canto sem luz e esses resíduos de luz são capazes até de influenciar a dinâmica de lagos, impedindo que espécies de zooplancton venham à superfície pastar algas. Você achou que os lagos urbanos eram verdes e poluídos só porque recebem esgoto? Eles também são verdes também porque são iluminados.
A luz que escapa ao objetivo de iluminar e torna-se poluição é também uma contribuição ao gasto desnecessário de energia.
Também para nós, a supressão do escuro noturno impede a produção normal de melatonina, o que causa grande confusão em nosso metabolismo. Quarenta trabalhadoras dinamarquesas ganharam uma causa em 2009 por terem contraído câncer de seio em função de trabalho noturno.
Você deve preocupar-se com a luz noturna mesmo não sendo uma trabalhadora noturna dinamarquesa porque o mesmo órgão cerebral que cuida do ciclo de dia/noite, também em muitos animais cuida do desenvolvimento sexual e ciclos de reprodução. Outro dia entrei em uma loja em que a iluminação parecia inspirada naquelas estufas de secagem de pintura. Saí correndo. Se querem que eu fique em uma loja em à noite, que a façam soturna. Aliás, não deveria nem estar fora de casa à noite. Deveria estar em casa cuidando de minha glândula pineal. Cuide dela e ela cuidará de você. Não é à toa que o treinador Nuno Cobra gastou um livro inteiro para uma única mensagem: durma!
É, aliás, o que já deveria estar fazendo há bastante tempo. Veja em meu blog uma imagem do resultado de nossos pequenos desperdícios de luz.
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