A frase é meio exagerada, mas verdadeira: "Criei-me no meio do furacão".
Sou professor de Recursos Naturais para agrônomos há 20 anos. As coisas têm melhorado recentemente, mas sempre houve uma tensão inexplicável entre produtores e ambientalistas.
Já fui e voltei às profundezas do inferno de Dante atrás de entender porque ambientalistas, tão focados em nutrir plantas e bichos, brigam com quem produz comida para gente, e agricultores brigam com quem está preocupado com a sustentabilidade do seu negócio.
Ao longo dos anos a tensão tem diminuído na sala de aula, mas talvez até piorado fora dela, conforme a legislação ambiental vai saindo do papel. Por isso, fico entusiasmado quando vejo pontes sendo construídas. A palavra correta seria "emocionado". Para mim, é emocionante quando dois litigantes percebem uma solução conjunta para um problema.
Nos EUA, os incêndios florestais têm sido cada vez mais sérios pelas alterações climáticas e porque eles foram controlados nos anos 50 (a floresta de lá precisa ser queimada regularmente para evitar incêndios catastróficos para árvores e infraestrutura). Eis que dois inimigos dos anos 90, um madeireiro (Dwaine Walker) e um ambientalista (Todd Shulke) resolveram unir forças para fazer uma exploração controlada da floresta, evitando os incêndios ao mesmo tempo em que usam alguma madeira.
Já é complicado descobrir o aspecto técnico que favorece a construção da "ponte", aquele lugar onde o rio é mais estreito. Muito mais complicado é conseguir que dois inimigos antigos percebam que estiveram enganados em sua rusga, e que sempre houve um caminho mais fácil.
Uma outra ponte é um artigo que saiu nesta semana na revista Nature: Solutions for a cultivated planet, do qual vocês ouvirão falar muito. Jonathan Foley e mais um grande time de pesquisadores se debruçaram sobre dados globais e concluíram que para conseguirmos nutrir o bilhão de pessoas mal-nutridas que ainda existem hoje e diminuir a demanda agrícola sobre os recursos naturais, precisamos parar de expandir a área agrícola, mas precisamos buscar nivelar a produção, que cria problemas por ser concentrada em algumas áreas e insuficiente em outras. Também precisamos buscar maior eficiência na agricultura e distribuição do alimento. Um componente importante disso é a mudança de nossa dieta. Você, que faz parte de uma elite que se informa lendo, faz também parte de um grupo para o qual a comida faz mais mal do que bem. Coma menos, com mais plantas e alimentos menos refinados e você fará em primeiro lugar bem para você, mas também para o resto do mundo.
Para evitar que alguém cite esta coluna indevidamente, deixo claro que em ecossistemas tropicais não é necessário fogo, porque temos chuvas constantes durante o ano e uma luxuriante microbiota que degrada a matéria orgânica.
Veja em meu blog http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/ mais detalhes dessas duas pontes entre produtores rurais e ambientalistas.
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